Diariamente, passamos de oito a 12 horas no trabalho, essa é a realidade do trabalhador brasileiro. Para quem trabalha home office, a situação tem pontos positivos e negativos. Por estar em casa, ficamos em frente ao computador por horas, sentados e digitando, ou seja, realizando movimentos repetitivos sem qualquer tipo de movimento ou pausas para ativar a musculatura.
O ambiente laboral pode desencadear doenças ocupacionais e muitas ocasionam o afastamento do trabalho. Isso sem contar o alto índice de cobrança que acabam gerando estresse, exaustão física e mental. Dados do Anuário do Sistema Público de Emprego e Renda do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), feito a partir da Relação Anual de Informações do Trabalho do Ministério do Trabalho, mostram que os afastamentos por problemas de saúde relacionados ao ambiente de trabalho cresceram 25% em dez anos no Brasil, contabilizando 181,6 mil casos em 2015.
A segunda principal causa por afastamentos do trabalho é representada pela sigla: LER que significa lesão por esforços repetitivos e é comum em pessoas que exercem atividades contínuas e repetitivas. Segundo dados do INSS, essas lesões atingem cerca de 100 mil colaboradores por ano só no Brasil, e podem ser originadas por diversos fatores, como: movimentos repetitivos durante a jornada de trabalho (como de digitação).
Dores no punho
As dores nos punhos normalmente acontecem após algum evento traumático causado por queda da própria altura. Outra porcentagem das queixas na região é de origem insidiosa (aparece vagarosamente sem apresentar sintomas específicos) ou gradativas (de mais difícil tratamento).
Na segunda condição, as causas estão mais relacionadas ao aumento abrupto das demandas físicas, que podem ser desde situações ocupacionais, de trabalho, ou de exercícios, como por exemplo fazer apoio no chão. Nesses casos, pode ser associado a alterações nos ombros e pescoço, fatores esses que se tornam uma barreira para obter um melhor tratamento.
“É importante que cada caso seja avaliado individualmente dos fatores associados para traçar uma melhor estratégia de tratamento. O fato é que a mão e punho são as partes do corpo que mais interagem com o ambiente, e, na presença de dor, afetam significativamente a qualidade de vida, causando limitações”, ressalta André Carvalho, fisioterapeuta especializado em dores crônicas e professor de pós-graduação na Faculdade UNIGUAÇU.
Sintomas e tratamento
Um dos principais sintomas é sentir dor ao realizar as tarefas do dia a dia, por exemplo, segurar objetos pesados, movimentos repetitivos, limpeza da casa e artesanato. Em casos de situações traumáticas (queda de grande ou pequeno impacto) em pessoas mais fragilizadas com osteopenia ou idade avançada é importante excluir fraturas, sendo fundamental consultar um médico e realizar um raio-x. A regra vale também para casos menos expressivos que não apresentam melhora espontânea.
Já em situações que não envolvem traumas, uma parte delas também tem melhora espontânea. “Então, vale acompanhar por um tempo e procurar ajuda quando perceber que não houve melhora, ou que vem piorando e causando limitações”, orienta o fisioterapeuta.
É importante ressaltar que nem toda dor vem de uma inflamação e nem toda inflamação causa dor. Descobrir se o local está inflamado ajuda a escolher a melhor estratégia de tratamento, por exemplo, em uma contratura de Dupuytren (alteração que afeta os tecidos moles que dão suporte para a palma da mão (ligamentos e fáscias) e evolui para uma deformidade na flexão dos dedos) ou em uma suspeita de alterações reumatológicas, como artrite reumatoide. Nesses casos, exames como ultrassom e ressonância magnética são os mais recomendados para determinar a causa.
Normalmente o tratamento está associado à utilização de remédios. “Ele tem o seu papel, porém cada caso deve ser avaliado de maneira individual. Vamos imaginar uma pessoa que tem uma limitação na extensão de punho e sente dor ao apoiar a mão no chão durante sua rotina de exercícios. Um remédio, nesse caso, seria mais tratar os sintomas, pois sempre que apoiar a mão no chão causará um estresse articular, voltando a ficar dolorido e inflamado. Para esta situação, a solução é a correção da mobilidade, sendo esse o ponto principal do tratamento e podendo até dispensar a utilização de remédio”, pontua Carvalho.
O tratamento alopático é recomendado para casos de doenças reumáticas, o controle é feito com anti-inflamatórios e imunobiológicos. O especialista alerta que tirando esses casos, os medicamentos devem ser usados com ponderação, pois em uma grande parcela dos casos não atuam nas causas. Anti-inflamatórios e analgésicos podem contribuir nas fases agudas da dor, mas, ainda assim, demandam uma avaliação individual. É importante não realizar a automedicação.
Punho fortalecido
No decorrer da vida passamos por demandas de cargas diferentes e em alguns casos não é possível se preparar de antemão, por exemplo, durante uma queda ou a necessidade de levantar algum tipo de peso. A melhor estratégia é manter uma rotina de exercício físico, vale lembrar que é possível começar há qualquer momento. Então, o mais sensato é manter uma rotina de atividade física com a prescrição de exercícios focados no fortalecimento do punho.
Dica do especialista: é importante lembrar que o aumento abrupto das demandas realizadas com as mãos deve acontecer de maneira gradativa. Por exemplo: começou a trabalhar com artesanato e já está realizando movimentos repetitivos por longos períodos, com o decorrer do tempo, a pessoa vai perdendo a capacidade de movimentação, e essa situação tende a piorar em médio e longo prazo. Faça pausas constantes e exercícios de fortalecimento diariamente, e durante o dia faça movimentos para aliviar a musculatura. Vale lembrar que esse momento de repouso não vai aliviar casos de dor, apenas proporcionará uma melhora imediata.
Já em condições agudas, o ideal é imergir a mão até o punho em água fria, essa ação pode provocar um pouco de desconforto, é indicado também a mobilização do local e realizar movimentos no local, porém essa solução promove a melhora a médio e longo prazo. Em casos crônicos, faça a imersão em água quente, ir voltando a rotina tão quanto o desconforto permita e incluir o fortalecimento da região, é o que mais vai trazer alívio ao longo do tempo. Utilize remédio com bom senso.
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