Os oceanos desempenham um papel fundamental na regulação do planeta, atuando no controle climático e na produção de oxigênio. Também por isso são bastante sensíveis às mudanças negativas que o planeta vem sofrendo nos últimos anos, em especial as chamadas ondas de calor.
Nesse sentido, o que tem preocupado os especialistas é o aumento progressivo das temperaturas oceânicas, que vem, a cada ano, batendo novos recordes. Por exemplo, a água do Golfo do Alasca obteve um ganho de temperatura, a partir do final de 2013, atingindo em poucos meses 2°C acima do normal. Isso desencadeou um desequilíbrio no ecossistema marinho, ocasionando a morte de plânctons, crustáceos, entre outros animais, e, por fim, um colapso.
O que são ondas de calor marinhas e como afetam a vida marinha?
Antes de mais nada, é necessário entender o que é esse fenômeno para, então, compreender a dimensão de seu impacto na vida marinha. As ondas de calor marinhas definem-se como um período no qual há um aumento superior a 90% da temperatura do mar por pelo menos cinco dias consecutivos, podendo durar meses ou até anos.
Isso, na prática, representa uma forte ameaça ao ecossistema, pois, ao aumentar a temperatura, possibilita-se a proliferação de espécies invasoras e predadoras, matando as espécies nativas da região, o que causa um desequilíbrio na cadeia animal. Por conseguinte, os corais também são afetados, uma vez que favorecem o embranquecimento deles, devido à perda da relação mutualística com as zooxantelas.
Ainda nessa relação de desequilíbrio, as ondas de calor marinhas podem criar um ambiente propício para uma superpopulação de algumas espécies, como o zooplâncton gelatinoso, que aumenta a competição por alimento e território. Toda essa conjuntura atinge não apenas a vida marinha de base, como também chega ao topo da cadeia alimentar, como peixes e mamíferos aquáticos, que perdem o amplo acesso ao alimento, e, por fim, impacta as atividades humanas relacionadas à pesca, pesquisa, entre outras.
Quais estudos já foram feitos acerca do assunto?
Vários profissionais de diversas áreas, entre elas biomedicina, biologia e engenharia ambiental, têm se juntado para estudar os crescentes casos de ondas de calor marinhas e medir possíveis contenções de danos ao meio ambiente.
Alguns estudos, como o feito na Revista Nature Communications, analisaram, por exemplo, as consequências provocadas pelas ondas de calor no nordeste do Oceano Pacífico. O estudo comprovou a criação de fortes perturbações na cadeia alimentar e no ecossistema marinho, devido ao aumento das temperaturas.
Outros eventos, como os ocorridos na Tasmânia e no Chile, também foram objetos de estudo interessantes para entender melhor o comportamento desses fenômenos e de que forma eles podem afetar a vida marinha, seja criando uma superpopulação ou extinguindo espécies locais.
Certo é que esses eventos têm sido observados cada vez mais nos últimos anos, sendo necessário que haja uma intervenção imediata e eficaz para reduzir os danos tanto sobre a vida marinha quanto sobre a própria existência humana. Isso porque todos os sistemas do planeta estão interligados, e, caso haja uma desarmonia em alguma parte, cedo ou tarde, os demais também irão sentir os efeitos.