Segundo dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), 60% da população monitorada no Maranhão está com excesso de peso, sendo que 23,3% convivem com algum grau de obesidade. Entre os casos, 16,8% são classificados como obesidade leve, 4,9% com obesidade moderada e 1,6% como obesidade mórbida. Esse cenário tem acendido o alerta entre especialistas e pacientes sobre a importância de tratamentos eficazes para combater essa doença, que afeta tanto a saúde física quanto emocional.
Apesar dos benefícios da cirurgia bariátrica, o acesso a esse tratamento ainda enfrenta desafios significativos, principalmente para os pacientes que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS). Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) apontam que, no Maranhão, entre 2019 e julho de 2024, foram realizadas apenas 300 cirurgias bariátricas em hospitais credenciados pelo SUS. Além disso, em todo o Brasil, o número de procedimentos não recuperou o volume pré-pandemia. Em 2019, foram realizadas 12.568 cirurgias, enquanto em 2023 esse número caiu para 7.570.
A dificuldade de acesso pode comprometer o tratamento de uma parcela da população que mais precisa do procedimento, pois a obesidade mórbida, em especial, é uma doença que requer acompanhamento médico e, em muitos casos, a intervenção cirúrgica para evitar complicações graves à saúde.
Tratamento cirúrgico é o mais eficaz
De acordo com o Dr. Giuliano Campelo, cirurgião especialista em cirurgia bariátrica e presidente eleito da SBCBM no Maranhão, a obesidade é uma doença crônica que vai além da estética. “Ela está relacionada a uma série de problemas de saúde graves. A cirurgia bariátrica, quando indicada corretamente, é uma solução eficaz para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e controlar as comorbidades associadas ao excesso de peso”, explica o especialista.
Os critérios para a indicação da cirurgia bariátrica são rigorosos e devem seguir padrões médicos estabelecidos. “Indicamos o procedimento para pacientes com IMC (Índice de Massa Corporal) acima de 40, ou acima de 35 em casos de doenças associadas, como diabetes e hipertensão. Além disso, o paciente deve ter tentado outros métodos de emagrecimento sem sucesso”, explica o cirurgião.
Cirurgia e mudanças na qualidade de vida
Misa Pollyana Albuquerque, que passou pelo procedimento em janeiro de 2021, relata como o risco de desenvolver diabetes e esteatose hepática (gordura no fígado) a motivou a buscar essa solução. “A minha vida mudou muito após a cirurgia e só para melhor. Hoje, minhas taxas como glicemia e colesterol estão perfeitas, fora a autoestima de volta. Sou mais feliz, mais disposta”, comenta Misa, enfatizando o impacto positivo da cirurgia em sua saúde.
Ela também destaca que sentiu alívio ao perceber que, após a cirurgia, ela conseguia se satisfazer com pequenas porções de comida, sem sofrer: “A gente sente uma saciedade, não sente vontade de comer mais. Isso para mim foi maravilhoso.”
Leonardo Farias de Albuquerque, marido de Misa, realizou a cirurgia em dezembro de 2022, e também compartilha uma experiência semelhante, especialmente quanto ao alívio das comorbidades que acumulou ao longo dos anos, como hipertensão arterial e arritmia cardíaca.
“Todos os dias eu teria que tomar de 6 a 7 comprimidos por conta dessas comorbidades e isso começou a me incomodar. Foi a melhor decisão que eu tomei na minha vida”, conta Leonardo, hoje com 42 anos, reforçando como a cirurgia trouxe não apenas mais disposição e autoestima, mas também uma vida com menos dependência de medicamentos. “Eu costumo dizer que no dia da minha alta, eu saí do hospital com a sensação de que eu estava esticando um pouco mais a régua da minha vida”, relata.
Outro depoimento que reforça o impacto positivo da cirurgia bariátrica vem de Natany Sampaio, que fez o procedimento há pouco mais de um ano. Antes da cirurgia, Natany tentou diversas dietas e tratamentos sem sucesso, o que gerou uma frustração crescente. “Já tinha tentado inúmeras dietas e, até quando perdia peso, o recuperava em pouco tempo e a cirurgia permitiu recuperar atividades simples do dia a dia”, conta.
“Eu voltei a fazer coisas que já nem acreditava mais serem possíveis, como brincar com meu filho ou simplesmente escolher uma roupa. Hoje, tenho novos hábitos, uma nova alimentação, e me sinto muito melhor”, afirma. “Se dê uma chance de recomeçar, de mudar de vida. Esqueça os preconceitos e procure profissionais qualificados”, recomenda.
Quem pode operar
A cirurgia bariátrica é indicada para pacientes com falha no tratamento clínico realizado por, pelo menos, 2 anos e obesidade mórbida instalada há mais de cinco anos, considerando Índice de Massa Corpórea (IMC) entre 35 kg/m² e 39,9 kg/m², com comorbidades, ou pacientes com IMC igual ou maior do que 40 kg/m², com ou sem comorbidades
Custo da obesidade
No Brasil, o custo da obesidade chega à 2,4% do PIB e está estimado em R$ 84.3 bilhões/ano. Além disso, 69.3% do total de mortes são atribuídos a doenças crônicas não transmissíveis, como doenças cardiovasculares (30,4%), neoplasias (16.5%), doenças respiratórias (6,0%) e o diabetes (5,3%)[1] – muitas associadas à obesidade.
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Sobre o Dr. Giuliano Campelo
Dr. Giuliano Campelo é cirurgião geral, mestre em cirurgia e especialista em cirurgia bariátrica. Com mais de 3000 pacientes operados, hoje dedica maior parte do tempo em estudos para aprimorar a qualidade de vida dos pacientes portadores de obesidade. Em 2017, recebeu título de Cidadão Ludoviscence pela Câmara Municipal de São Luís pelo seu trabalho na área da saúde. Acesse o site para saber mais sobre a cirurgia bariátrica e outros tratamentos.
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FERNANDO DE ARAUJO GARCEL
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