Empreender no Brasil é um grande desafio, e após o “inverno das startups”, empresas e investidores estão mais atentos às oportunidades no mercado. No entanto, realizar um M&A (Fusões e Aquisições) envolve riscos e exige planejamento, organização e uma visão estratégica de longo prazo. Para Rafael Figueiredo, CEO da D4Sign, plataforma de assinatura eletrônica adquirida pela multinacional italiana Zucchetti em setembro deste ano, o segredo para uma fusão ou aquisição bem-sucedida está em preparar a empresa de forma robusta, tanto no aspecto financeiro quanto na governança, inovação e cultura organizacional.
Figueiredo também destaca que o timing é crucial nesse processo. O momento certo de uma aquisição depende da maturidade da empresa e das condições do mercado. Além disso, ele alerta que a visão de longo prazo é essencial para garantir que a fusão ou aquisição não seja apenas uma transação financeira, mas uma oportunidade para o crescimento contínuo.
“A integração bem-sucedida exige tempo, comprometimento e a capacidade de alinhar a cultura e os objetivos estratégicos entre as empresas envolvidas”, explica. Para startups que buscam ser adquiridas, a chave está em criar uma base sólida que atraia grandes compradores e possibilite uma transição eficiente e vantajosa para ambos os lados.
Assim, Rafael reuniu um passo a passo, com dicas fundamentais para empreendedores que sentem que o momento de se abrir para o mercado esteja chegando.
O que avaliar antes de começar o processo de M&A?
Antes de mais nada, é essencial entender qual é o seu objetivo. Sua empresa precisa de uma fusão para se manter ativa, pagar contas e continuar lançando produtos? Ou a ideia é buscar uma aquisição para viabilizar expansões e novos sonhos? Independentemente do cenário, é crucial que os sócios discutam essas possibilidades desde o início da jornada da startup. Isso inclui alinhar expectativas e estruturar processos para que, quando chegar o momento de buscar um investidor ou parceiro estratégico, a empresa esteja pronta para atender aos requisitos e maximizar seu valor no mercado.
Avaliar as opções de investidores no mercado também é importante. Existem grandes grupos empresariais, com abrangência nacional e/ou internacional, a individuais. Cada escolha dependerá do momento e das necessidades específicas da startup.
Tipos de M&A
No mundo de fusões e aquisições, entender o momento certo para buscar um investidor ou realizar um M&A é fundamental. Isso varia conforme o estágio em que a empresa se encontra e seus objetivos:
1. Startups em fase inicial
Startups que precisam de capital para iniciar suas operações ou alavancar um projeto embrionário cujo foco principal está em atrair investidores que compartilhem a visão do empreendimento.
Quem investirá: Investidores-anjo, que oferecem o capital inicial necessário para tirar a ideia do papel.
Ao que se atentar: Nesta fase, o produto em si e a qualidade do time fundador são os fatores mais importantes. Demonstrar paixão, compromisso e capacidade de execução é essencial.
Bônus: O investimento pode acelerar significativamente o desenvolvimento do produto e a conquista de mercado.
Ônus: Ao trazer investidores, os fundadores precisam compartilhar decisões estratégicas.
2. Startups consolidadas
Startups que já conquistaram espaço no mercado buscam recursos para escalar suas operações, diversificar produtos ou explorar novos territórios, sendo o investimento ou o M&A uma forma de impulsionar essas metas.
Quem investirá: Grupos empresariais ou fundos de private equity.
Ao que se atentar: Além do produto e do time, é imprescindível apresentar dados sólidos sobre a gestão da empresa, como a saúde financeira, participação de mercado e eficiência dos processos internos.
Bônus: Maior liberdade para escolher seus parceiros e alinhar o investimento aos seus objetivos estratégicos.
Ônus: Provar a robustez do negócio é uma etapa exigente e, por vezes, morosa.
Como se preparar para um M&A?
O sucesso do M&A começa com uma preparação minuciosa. Segundo Rafael, é necessário “fazer a lição de casa” para alcançar sua meta. E, como na escola, esses são os deveres de uma startup que está se preparando para o processo:
Organize a papelada: organize suas finanças, regularize pendências judiciais e mantenha todos os registros organizados. Para isso, é interessante contar com uma assessoria especializada em M&A para conduzir o processo;
Estude a outra parte: avalie todos os aspectos da empresa-alvo, desde sua saúde financeira até sua situação jurídica. Verifique se ela está em recuperação judicial, possui passivos significativos ou enfrenta pendências trabalhistas;
Análise cultural e objetivos: verifique se as filosofias de trabalho são compatíveis. Culturas desalinhadas podem levar a conflitos internos e comprometer os resultados. Certifique-se de que os planos da outra parte são compatíveis com os seus objetivos estratégicos para evitar surpresas ao longo do caminho.
O que as empresas buscam em startups?
Investir em startups é uma decisão estratégica para as empresas, que buscam mais do que apenas um retorno financeiro. Segundo Figueiredo, elas buscam também:
Escalabilidade: a startup tem potencial para crescer significativamente? Modelos de negócio replicáveis e expansíveis são altamente atrativos.
Mercado: o setor de atuação está em expansão? A demanda pelos produtos ou serviços é consistente? Mercados emergentes e com alta taxa de inovação, como AI, têm taxas maiores de conversão.
Time: a competência da equipe é um dos pilares mais importantes. Multinacionais procuram equipes capacitadas e alinhadas culturalmente com seus valores.
Como comunicar o processo ao time?
Após a fusão ou aquisição, uma preocupação válida – e importante – é como comunicar a equipe, uma vez que a novidade pode gerar insegurança entre os colaboradores. Para evitar conflitos, é essencial:
Planejar bem como as informações serão compartilhadas, explicando os motivos e os benefícios;
Consultar a empresa compradora em busca de dicas de como realizar esse comunicado e, se possível, contar com o apoio deles para fazê-lo.
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BEATRIZ ESTEVES DE AGUIAR
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