Valéria Rutyna (*)
No mundo digital contemporâneo, as redes sociais desempenham um papel central na comunicação, na expressão pessoal e na participação social. Elas se tornaram plataformas essenciais para a interação social, o compartilhamento de informações e a mobilização comunitária. No entanto, para que essas plataformas sejam verdadeiramente inclusivas, é imperativo que sejam acessíveis a todos os usuários, incluindo aqueles com deficiência. A acessibilidade nas redes sociais promove a igualdade de oportunidades, bem como reflete o compromisso com os direitos humanos e a dignidade de cada indivíduo.
A acessibilidade nas redes sociais garante que pessoas com deficiência possam participar ativamente das interações online, assim como qualquer outro usuário. Sem acessibilidade, muitos indivíduos ficam excluídos de oportunidades para se conectar, compartilhar e interagir. Isso é particularmente importante para a inclusão social e a eliminação de barreiras digitais que perpetuam a marginalização. A acessibilidade promove a igualdade de acesso a informações e oportunidades que são vitais para o engajamento e a participação cívica.
Redes sociais acessíveis atraem uma audiência mais ampla, incluindo pessoas com diversas habilidades e necessidades. Isso promove um engajamento mais significativo e permite que empresas e organizações atinjam um público mais diversificado, maximizando o impacto de suas mensagens e campanhas.
Muitos conteúdos em redes sociais, como imagens e vídeos, não são automaticamente acessíveis para pessoas com deficiências visuais. Descrições alternativas (alt text) e legendas são frequentemente negligenciadas, tornando difícil para pessoas com deficiência visual ou auditiva acessar e compreender esses conteúdos.
A compatibilidade com tecnologias assistivas, como leitores de tela e softwares de reconhecimento de voz, nem sempre é garantida. Isso pode limitar a capacidade das pessoas com deficiência de usar redes sociais de maneira eficaz.
Como garantir boas práticas então?
Implementar descrições alternativas para imagens e legendas para vídeos é uma prática essencial para garantir que o conteúdo multimídia seja acessível para pessoas com deficiência visual e auditiva. Esses recursos permitem que softwares de leitura de tela e tecnologias assistivas interpretem o conteúdo de forma eficaz.
Já são utilizadas nas redes sociais alguns marcadores que indicam a acessibilidade para leitores de texto, como #ParaTodosVerem, ou #ParaCegoVer, que são seguidos pela descrição da imagem. Essas descrições precisam ser fiéis à imagem, com detalhes claros e suscintos. Um bom modo de fazer essa descrição é pensar “se não pudesse usar essa foto, como eu descreveria?”. Provavelmente essa descrição corresponderá o que a imagem transmite. Não esqueça de indicar se é uma pintura, desenho, foto, quanto mais detalhes, melhor.
Você sabia que GIFS também podem ser acessíveis? Basta fazer a descrição, indicando se tratar de imagem animada, para que a pessoa possa imaginar o movimento. É preciso contextualizar. Uma fórmula simples é descrever o formato, o sujeito, a paisagem e a ação. Assim todos poderão participar!
Para ter a acessibilidade em vídeos é importante prestar atenção nas legendas. É recomendado que fonte padrão seja Arial, tamanho 47 para vídeos de alta resolução, com máximo de 47 caracteres por linha, com duração de 1 a 2 dois segundos. A legenda não deve atrapalhar a visualização do vídeo, ficando, preferencialmente, no meio na parte inferior. Outra opção é utilizar Libras para a descrição dos vídeos.
Adotar um design inclusivo e simplificado, com uma navegação intuitiva, pode beneficiar todos os usuários, especialmente aqueles com deficiência motora ou cognitiva. Considerar tamanhos de fonte ajustáveis, contrastes e espaços adequados para interação são medidas importantes.
Promover a educação e a sensibilização sobre acessibilidade digital entre desenvolvedores, criadores de conteúdo e usuários pode melhorar a implementação de práticas acessíveis. Workshops e treinamentos sobre acessibilidade podem ajudar a criar uma cultura de inclusão e respeito.
A acessibilidade nas redes sociais é uma questão de direitos humanos e inclusão, essencial para garantir que todos os indivíduos possam participar plenamente da vida digital. Ao adotar práticas acessíveis, as plataformas digitais não só cumprem com normas e legislações, mas também promovem uma sociedade mais justa e igualitária. Enfrentar os desafios da acessibilidade requer um compromisso contínuo com a inovação e a empatia, assegurando que as redes sociais sejam um espaço onde todos possam se conectar, se expressar e se engajar sem barreiras. A inclusão digital é, afinal, um reflexo do compromisso coletivo com a dignidade e a igualdade de todos os membros da sociedade.
(*) Valéria Rutyna – Advogada especialista em Direito Previdenciário. Extensão em Direito das Pessoas no Espectro Autista e TDAH. Pós-Graduada em Direito Empresarial, Previdenciário. Instagram: @dra.valeriarutyna
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DÉBORA SANTANA LUZ
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