O crescimento acelerado da digitalização no Brasil trouxe inúmeros benefícios, mas também abriu portas para um aumento preocupante no número de golpes digitais. Ferramentas como Pix e QR codes facilitaram transações financeiras, mas, somadas à baixa conscientização sobre segurança digital, tornaram a população mais vulnerável a ataques cibernéticos. Segundo dados da OLX, apenas no primeiro semestre de 2024, golpes envolvendo celulares causaram um prejuízo de R$ 58,3 milhões aos brasileiros. A pesquisa revelou ainda que 70% desses golpes estão ligados à fraude de pagamento falso, representando um crescimento de 72% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Para Vinicius Perallis, CEO da Hacker Rangers, uma plataforma SaaS 100% gamificada para conscientização em segurança cibernética, os golpes prosperam principalmente devido a mecanismos de engenharia social, em que cibercriminosos manipulam sentimentos das vítimas, como urgência e empolgação, para que elas ajam sem pensar. “Eles costumam manipular os sentimentos das vítimas apelando para o senso de urgência ou escassez, utilizando estratégias como falsos avisos de cobrança ou promoções extremamente atrativas. Com isso, você age sem pensar e acaba fornecendo informações sensíveis que não deveriam ser compartilhadas, como por exemplo credenciais de acesso e números de cartões”, explica.
Perallis destaca que a atenção aos detalhes é a melhor defesa contra os golpes. “Sempre analise de onde vem a cobrança ou oferta: é um canal conhecido? A mensagem está coerente? Vale a pena verificar duas vezes antes de clicar em links ou transferir dinheiro. Confirmar diretamente com fontes oficiais, desconfiar de pedidos urgentes e evitar compartilhar informações sensíveis são práticas essenciais”, orienta o especialista.
Impactos financeiros e emocionais das fraudes
Os golpes têm impactos significativos na vida das vítimas. No aspecto financeiro, além das perdas causadas diretamente pelo golpe, como transferências bancárias indevidas ou fraudes em compras, há custos adicionais com a reemissão de documentos, contratação de advogados e sessões de acompanhamento psicológico, por exemplo.
O estado mental das vítimas também pode ser profundamente abalado por terem sido enganadas e enfrentarem o vazamento de seus dados pessoais. Isso pode desencadear problemas como ansiedade, medo constante de ser enganado novamente e dificuldades em confiar em sistemas ou pessoas. Esses efeitos podem interferir diretamente na qualidade de vida e no bem-estar geral das vítimas.
O que esperar do cenário de cibersegurança em 2025?
O cenário de golpes digitais deve continuar crescendo nos próximos anos, impulsionado pela evolução tecnológica e pela maior integração da população ao mundo digital. No entanto, o desenvolvimento de inteligências artificiais para identificar ameaças de forma proativa e políticas públicas, como a Política Nacional de Cibersegurança (PNCiber), prometem fortalecer as defesas contra ataques. Além disso, o investimento em educação digital e treinamentos, especialmente voltados para combater a engenharia social, será essencial para conter o avanço desses crimes.
“Com medidas preventivas e conscientização, é possível viver com mais segurança digital, protegendo seus dados e finanças contra golpes ”, finaliza Perallis.
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MONICA MILIATTI DE MOURA
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