Entre 2011 e 2022, o Brasil registrou 720.480 notificações por automutilação e 104.458 internações por esse motivo, de acordo com levantamento realizado pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), em colaboração com pesquisadores de Harvard, e publicado pelo The Lancet Regional Health – Americas. O mesmo estudo mostra que as taxas de notificações por autolesões na faixa etária de 10 a 24 anos aumentaram cerca de 29% ao ano nesse mesmo período. Esse crescimento foi mais acentuado que na população em geral, em que a taxa de suicídio cresceu, em média, 3,7% ao ano, enquanto a de autolesão aumentou 21% ao ano.
Em São Paulo, dados da Secretaria da Saúde do Estado (SES) mostram que os atendimentos clínicos ambulatoriais relacionados à ansiedade e depressão em 2023 somaram 199.879, um aumento de 43,21% em relação a 2022, quando foram registrados 139.567 atendimentos. Nos primeiros seis meses de 2024, foram contabilizados 111.086 atendimentos.
A Campanha Setembro Amarelo, que busca conscientizar e prevenir o suicídio, também promove a importância do cuidado com a saúde mental. Este ano, traz o tema “Se precisar, peça ajuda!”, reforçando a relevância de procurar apoio profissional ou contar com a rede de familiares e amigos.
“A ansiedade e a depressão são questões que, muitas vezes, as pessoas tentam enfrentar sozinhas, sem perceber que pedir ajuda pode ser o primeiro passo para a recuperação. Reconhecer que está em sofrimento e buscar orientação especializada é fundamental para superar esses desafios”, ressalta a Dra. Carmela Silvana da Silveira, psicóloga da Santa Casa de São José dos Campos.
Ansiedade e depressão apresentam uma variedade de sintomas que podem afetar tanto o corpo quanto a mente. No caso da ansiedade, é comum a pessoa sentir uma preocupação excessiva, nervosismo, irritabilidade, dificuldade de concentração, além de sintomas físicos como palpitações, sudorese, tremores, fadiga e tensão muscular. Já a depressão tende a se manifestar por meio de sentimentos persistentes de tristeza, desesperança, baixa autoestima e desinteresse em atividades que antes eram prazerosas. Outros sinais incluem alterações no sono e no apetite, fadiga constante e dificuldade de concentração.
O tratamento mais eficaz envolve a busca por ajuda profissional, seja através de acompanhamento médico ou medicação adequada. No entanto, adotar um estilo de vida saudável, com a prática de atividades físicas regulares, manter uma rotina de tarefas prazerosas e se cercar de uma rede de apoio composta por amigos e familiares também desempenham um papel essencial na recuperação e no bem-estar geral.
“A Campanha Setembro Amarelo é um lembrete de que cuidar da saúde mental deve ser uma prioridade constante. Muitas vezes, as pessoas subestimam o impacto do estresse, da ansiedade e da depressão no seu dia a dia. Ao promovermos a conscientização e o diálogo, como fazemos com o tema ‘Se precisar, peça ajuda!’, reforçamos que buscar apoio não é um sinal de fraqueza, mas sim um passo essencial para a recuperação e o equilíbrio emocional. Cuidar da mente é tão importante quanto cuidar do corpo”, afirma a psicóloga.
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VIVIANE SOARES BUCCI
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