No último dia 19, o presidente do G4 Educação, Tallis Gomes, gerou polêmica com seus comentários sobre a presença de mulheres em cargos de liderança, afirmando que “Deus me livre de mulher CEO” e que, “salvo raras abordagens”, as mulheres em posições de liderança passam por um “processo de masculinização”. Essas declarações não apenas refletem um retrocesso nas conquistas femininas, mas também ignoram a importância da liderança feminina no ambiente corporativo e seu impacto positivo na sociedade.
Infelizmente, Gomes não está sozinho em suas opiniões. Outros homens em cargos de liderança também já atacaram a participação feminina em papéis de destaque:
Elon Musk, CEO da Tesla e SpaceX : em 2021, Musk minimizou as contribuições de mulheres no setor de tecnologia, insinuando que como CEOs não são “pessoas práticas” e frequentemente incentivam a divisão de gênero em seus comentários.
Gérard Darmanin, Ministro do Interior da França : em 2021, Darmanin fez comentários que foram amplamente interpretados como desdenhosos em relação a uma política feminina na segurança pública, desqualificando os esforços de mulheres no combate ao crime.
Dominic Cummings, ex-assessor chefe do Primeiro Ministro britânico : Cummings fez afirmações depreciativas sobre a contribuição das mulheres em altos escalações de decisão, o que gerou uma onda de críticas sobre as dinâmicas de gênero na política britânica.
Abel Ferreira , técnico do Palmeiras, também causou polêmica no Brasil ao desdenhar de uma jornalista durante uma coletiva, tratando suas perguntas com desrespeito ao invés de responder de maneira construtiva, um reflexo do machismo que ainda permeia certas esferas do esporte e da comunicação.
A importância da liderança feminina
Estudos demonstram que empresas lideradas por mulheres tendem a ter melhor desempenho financeiro e um ambiente de trabalho mais positivo. Segundo pesquisas da McKinsey & Company , empresas com maior diversidade de gênero em seus níveis executivos têm 21% mais chances de ter uma rentabilidade acima da média da indústria . Além disso, a presença de mulheres em cargos de liderança está correlacionada com melhorias analisadas em avaliações de satisfação e retenção de funcionários.
A Dra. Cristiane Romano, especialista em expressividade, enfatiza que a diversidade nas lideranças promove uma cultura organizacional mais inclusiva e inovadora. “A liderança feminina traz perspectivas e experiências únicas que, quando incorporadas ao processo de tomada de decisão, resultam em soluções mais holísticas e eficazes”, afirma a especialista.
Ela também ressalta que a comunicação assertiva e a expressividade são habilidades adequadas para qualquer líder ou CEO. Em um contexto em que a forma de se comunicar pode impactar diretamente a percepção do público e dos colaboradores, líderes que dominam a arte da comunicação constroem confiança e engajamento. Entre suas recomendações estão:
Desenvolvimento da autenticidade : os líderes devem ser autênticos em sua comunicação, o que ajuda a criar uma conexão óbvia com sua equipe e demais pessoas ou grupos que têm interesse em uma empresa, projeto ou iniciativa.
Importância da escuta ativa : um bom líder não apenas se expressa bem, mas também escuta ativamente suas equipes, demonstrando empatia e abertura para o diálogo.
Clareza e coerência : a forma como um líder articula suas ideias e visão pode inspirar e motivar os demais, reforçando a importância de mensagens claras e consistentes.
Uso da linguagem corporal : a comunicação não-verbal é tão importante quanto a verbal; Os líderes devem estar cientes de como sua postura, gestos e expressões emocionais afetam suas mensagens.
Exemplos de lideranças femininas respeitadas
Diversas líderes femininas têm se destacado em todo o mundo, servindo como exemplos de excelência e impacto no mercado. Aqui estão algumas delas:
Mary Barra (CEO da General Motors) : primeira mulher a chefiar uma grande montadora, Barra transformou a GM que se tornou uma das líderes em inovação em veículos elétricos.
Indra Nooyi (ex-CEO da PepsiCo) : durante seu tempo na empresa, Nooyi implementou estratégias que posicionaram a PepsiCo como líder em sustentabilidade, aumentando o ganho de receitas.
Sheryl Sandberg (ex-COO do Facebook) : reconhecida por sua contribuição para a cultura corporativa e a liderança feminina, Sandberg é uma defensora fervorosa do empoderamento das mulheres no trabalho.
Impacto das declarações negativas
Declarações como as feitas por Gomes e outros homens em posições de liderança não apenas perpetuam estereótipos negativos, mas também têm um efeito corrosivo sobre a cultura organizacional e a comunicação das empresas. Quando figuras públicas se expressam contra o empoderamento feminino, o impacto se estende, influenciando a percepção do público e especificamente afetando o desempenho financeiro e a liderança dos consumidores.
Um estudo da Harvard Business Review revela que empresas que promovem uma cultura inclusiva, celebrando a diversidade de gênero, não apenas atraem talentos, mas também ganham lealdade do consumidor. Por outro lado, ambientes que subestimam a contribuição das mulheres tendem a enfrentar boicotes e respostas negativas.
Segundo a Dra. Cristiane, “para que a sociedade evolua, é importante que as declarações de líderes influentes sejam responsáveis e apoiem a igualdade de gênero em todas as esferas. O futuro da economia depende do reconhecimento e da valorização das contribuições das mulheres em posições de liderança”.
Sobre a Dra. Cristiane Romano:
Especialista em comunicação, com mestrado e doutorado em Expressividade pela USP.
Pós-graduada em Voz pelo CEFAC – BH e em Gestão Estratégica de Marketing pela PUC Minas.
Formada em Business and Executive Coaching pela University of Ohio – EUA.
Autor de diversos artigos científicos nacionais e internacionais.
Ao longo de sua carreira, a Dra. Cristiane têm capacitado profissionais, ajudando-os a aprimorar suas habilidades comunicativas e, assim, aumentar sua influência e persuasão em diversos contextos.
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PAULO NOVAIS PACHECO
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