O psicanalista carioca Garrot, que reside no charmoso bairro de Santa Teresa, tem uma visão única da Cidade Maravilhosa. Em “Infortúnios de um Psicanalista”, Paulo Ritter, psicólogo, especialista em Saúde Mental e psicanalista, revela um outro lado do Rio através de contos que exploram as profundezas da alma humana.
Com finais inesperados, a obra de Ritter tece uma trama que espelha a realidade fluminense, muitas vezes cruel e complexa, familiar aos leitores através dos noticiários. Mas a crueza da vida real se entrelaça com a fantasia, com o autor brincando com o elemento erótico, convidando o leitor a uma jornada de imaginação.
Os contos exploram temas como paixão, amor, desejo, tragédia e desencontros, transitando entre o erótico e o trágico. A obra, repleta de elementos psicanalíticos, convida o leitor a analisar os personagens, seus desejos e conflitos.
“Infortúnios de um Psicanalista” é uma leitura universal, ideal para quem busca contos que fogem do convencional, que desafiam as expectativas e nos confrontam com a complexidade da existência humana. Ritter estará na FLIP – Festa Literária Internacional de Paraty, entre os dias 9 e 13 de outubro de 2024, para apresentar sua obra ao público. A agenda completa do autor será divulgada em breve.
Prefácio do Psicanalista Paulo Próspero:
“Nessa aventura literária de leitura instigante, o psicanalista Paulo Ritter constroi, com fina artesania, histórias que nos fazem mergulhar em diferentes experiências existenciais. Ficamos muitas vezes com o prazer voyeur das sessões de análise no consultório privado, mas também entramos em contato com as dores e premências dos atendimentos públicos, nas suas duras peculiaridades. Somos assim apresentados à realidade do encontro analítico em abrangências várias. Embalados pelo sonho do cotidiano, vivenciamos ainda as vicissitudes da vida nos seus encontros e desencontro, nas suas perdas – frequentemente tão crueis -, nos seus amores e nas suas esperanças bruscamente interrompidas. Vicissitudes permeadas pela sexualidade, algumas vezes de forma explícita, mas nunca gratuita. É Eros que está presente nesses contos, com sua energia e potência, nos convidando sempre ao banquete da vida em contínua renovação”.
CONFIRA ENTREVISTA DO AUTOR NA ÍNTEGRA:
1 – Como foi o processo de construção de “Infortúnios de um Psicanalista”?
Desde a adolescência tenho o desejo de escrever. Na verdade, foi o primeiro caminho viável que vislumbrei pra mim. Mas as urgências e voltas da vida me levaram primeiro à psicologia, depois à psicanálise, saúde mental, saúde pública, universidade e só nos últimos anos retornei à literatura – como escritor, evidentemente, pois como leitor sempre estive próximo dela.
O conto “Infortúnios de uma psicanalista” foi escrito nas férias de verão da universidade onde eu dava aulas à época, em janeiro de 2019. Já havia escrito alguma ficção antes, mas foi só no “Infortúnios” que consegui dar forma a algo que eu procurava há tempos. Os demais contos do livro foram escritos nos anos seguintes, ou seja, nos anos da pandemia (2020, 21 e 22).
Escrever não é exatamente prazeroso (ou não apenas isso), mas foi uma satisfação enorme, quando o livro ficou pronto, me deparar com a concretização de um desejo do início da adolescência. Como Freud escreveu, “realizar/produzir” é um dos sentidos da vida.
2 – Você vai participar de algum evento literário este ano? Qual?
Vou participar de uma coletânea chamada “Fluidos – antologia do desejo”, que será lançada na Flip em outubro pela Helvetia Edições. terei dois contos nessa coletânea: “Acalanto” e “Auparishtaka”. Então provavelmente estarei na feira de Paraty em outubro.
3 – Como surgiu a ideia da composição dos contos? Por que alinhar a questão do erotismo, amor, desejo, tragédias, desamores e também desencontros com a sua escrita?
A maioria dos contos tem como protagonista o psicanalista Garrot, que mora em Santa Teresa, no Rio de Janeiro. Então os textos são recortes de seu trabalho no consultório particular e nos ambulatórios públicos nos bairros distantes da Zona Sul. Mas não só, pois os contos refletem também sua circulação pela cidade, a partir da qual emerge seu olhar crítico sobre nossas mazelas sociais e nossa brutal desigualdade econômica. Esse personagem então acaba por viver próximo não só das contradições da alma humana (inclusive a sua!), mas também das contradições da própria cidade. E, pensando melhor agora – partir desses elementos que você tão bem destacou na sua pergunta -, talvez os contos reflitam aquele interminável conflito entre pulsões de vida e pulsões de morte destacado por Freud nos anos 1920; em outras palavras, talvez os contos reflitam os infortúnios e as fortunas que atravessam o caminho de todos nós em algum momento.
4 – Como a sua escrita se identifica com pessoas reais? O Rio de Janeiro e suas pessoas são inspirações para você?
Claro que há nos contos personagens inspirados em pessoas reais. Às vezes há mais que inspiração, são quase retratos mesmo de pessoas que conheci em algum momento, ou de experiências que vivi pessoalmente. Então o Rio serve mesmo como inspiração, principalmente a partir da relação ambígua que tenho com a cidade. Mas talvez a inspiração maior para criar o psicanalista Garrot venha de dois célebres personagens da literatura carioca: o advogado Mandrake (do Rubem Fonseca) e o delegado Espinoza (do Garcia-Roza). Ambos são personagens que circulam pela cidade, que desfrutam de suas delícias e suas tragédias, como o próprio Garrot. Principalmente no conto “Infortúnios de um psicanalista”, tentei criar um enredo que lembrasse o desses dois personagens. Aliás, sobre o Garcia-Roza, tive o privilégio de ser seu aluno na Faculdade de Psicologia da UFRJ. E lembro com carinho das articulações que ele fazia nas suas aulas entre psicanálise e literatura.
5 – Você disse que estava no processo de escrita de um livro novo, já podemos receber algumas informações a respeito?
Claro, estou escrevendo uma história infantojuvenil que se passa em Visconde de Mauá. É sobre um casal, com um filho em torno de 6 anos, que aluga uma casa em Mauá para fugir um pouco da agitação do Rio. Lá, o menino acaba por ter contato com os tais duendes da região e por aí vai. Como não escrevemos do nada, além das experiências familiares tenho me inspirado em “Alice no país das maravilhas – um dos primeiros livros que li – e em “Coraline” (do Neil Gaiman), livro que adoramos lá em casa. A ideia – pretensiosa – é que o livro tenha um pouco da atmosfera desses dois livros. Espero terminá-lo este ano ainda, mas sua escrita divide espaço com meu trabalho diário no consultório. E com tantas outras coisas.
TRECHO DO LIVRO:
“Mesmo após anos de divã, não sei – sinceramente não sei – que misteriosa confluência de fatores comandou minha vida até aqui. Meu caminho, com seus infortúnios e acertos, foi mera obra do acaso ou foram os deuses se divertindo enquanto teciam os fios da minha tragédia? Me esqueci de dizer, além de psicanalista sou ateu.” Trecho do livro Infortúnios de um Psicanalista
FICHA TÉCNICA
Título: Infortúnios de um Psicanalista
Autor: Paulo Ritter
Ano: 2023
Editora: Giostri
Gênero: Literatura brasileira, contos
ISBN: 978-65-5927-377-5
Páginas: 85
Preço: R$49,00 livro físico
Onde comprar: Pelo site da editora, pela Amazon ou diretamente com o autor
Link de venda:
Editora Giostri – https://loja.giostrieditora.com.br/Infortunios-de-um-psicanalista?search=paulo%20ritter
Amazon – https://l1nk.dev/tSwrE
Sobre o autor:
Paulo Ritter nasceu em Itaqui/RS, mas fez a sua formação profissional no Rio de Janeiro, mesma cidade em que vive e trabalha atualmente. É psicólogo (UFRJ), especialista em Saúde Mental (Instituto Philippe Pinel/RJ), mestre em Teoria Psicanalítica (UFRJ) e psicanalista. Além de “Infortúnios de um Psicanailsta”, também escreveu “O grão de areia no centro da pérola: sobre neuroses atuais” e “Neuroses atuais e patologias da atualidade”.
Redes sociais: https://www.instagram.com/paulo.ritter/
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ALEX YAN DA COSTA MENDES
jornalista.tamyristorres@gmail.com