Um mergulho na transformação da paleta de cores dos carros brasileiros
As ruas brasileiras estão apresentando uma tendência monocromática em sua frota automobilística, com 67% dos veículos vestindo cores neutras – branco, preto ou cinza. Esse fenômeno, notado por entusiastas de carros antigos, desperta reflexões sobre o que conduziu a essa mudança notável na paleta de cores dos veículos e quais fatores estariam por trás do virtual desaparecimento do carro colorido.
Movimento rumo ao cinza: o declínio das cores vibrantes no Brasil
Andrés Pesserl, um apaixonado por carros antigos e presidente da Federação Brasileira de Veículos Antigos (FBVA), não pode deixar de notar a transformação que ocorreu. Nos anos 90, a oferta de veículos coloridos começou a diminuir, levando a uma inevitável homogeneização dos carros na paisagem urbana. Uma análise dos dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) valida sua percepção, sendo que em junho de 2023, dos 80,4 milhões de veículos no Brasil, 67% eram brancos (21,2%), pretos (18,9%), pratas (16,8%) ou cinzas (10,2%).
Ainda assim, os carros vermelhos continuam a resistir bravamente, constituindo 15,6% da frota. No entanto, outras cores chamativas como azul, verde, bege e amarelo declinaram drasticamente nas últimas três décadas, totalizando hoje apenas 17% do total.
Vantagens da homogeneidade: O case das empresas de aluguel de carros
Para entender essa homogeneização das cores dos veículos, é importante observar que o maior cliente das montadoras no momento são as locadoras de veículos, o que influencia decisivamente suas escolhas de produção. Isso porque carros neutros são mais facilmente atraentes para um público mais amplo, minimizando o risco de reclamações relacionadas à cor.
Brasil em tons pastel: Uma inspeção nacional das cores dos veículos
Os dados da Senatran revelam que o Brasil está cada vez menos colorido. Cores neutras são dominantes em 95% dos 5.570 municípios brasileiros, um salto considerável em relação a 2013, quando apenas 69% das cidades possuíam essa predominância. As cidades “rebeldes” com maior proporção de veículos de cores diferentes, como rosa e verde, tendem a ser pequenas e de população limitada.
O custo da diversidade e a preferência dos consumidores
Entre os motivos que justificam o desvanecimento das cores vibrantes está a economia de escala. Carros de cores únicas são mais baratos e convenientes para produzir. Além disso, as montadoras costumam enfatizar a revenda no marketing dos veículos, o que também reforça a ideia de que carros neutros são mais fáceis de revender. Isso cria um ciclo auto-reforçável que limita a demanda do consumidor por cores vibrantes.
O futuro será mais colorido?
No que diz respeito ao futuro, é difícil prever se haverá um retorno a uma paleta mais colorida. Em 2023, a Fiat anunciou que deixará de produzir veículos cinzas e pratas na Europa. No entanto, especialistas debatem se essa mudança chegará ao Brasil em breve.
Em conclusão, a dominância de carros brancos, pretos ou cinzas reflete uma mudança cultural na percepção da população sobre os carros e no tipo de demanda que as montadoras estão atendendo. A curto prazo, parece que essa tendência para carros neutros continuará a dominar, com carros coloridos permanecendo uma visão rara nas estradas brasileiras.