O consumo de bebidas energéticas e gaseificadas tem aumentado rapidamente, gerando preocupação entre especialistas devido aos seus impactos negativos na saúde bucal. Dados da Scanntech mostram que, entre janeiro e agosto de 2024, as vendas de energéticos aumentaram 15% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Quando observamos a última década, o crescimento é ainda mais notável: a produção anual de energéticos saltou de 63 milhões para 151 milhões de litros entre 2010 e 2020, enquanto o consumo médio por pessoa passou de 300 ml para 710 ml, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (ABIR). Contudo, esse aumento no consumo traz consigo sérios riscos para a saúde bucal.
Especialistas alertam que o alto teor de acidez e açúcar presente nessas bebidas prejudica a estrutura dental de forma progressiva e irreversível. “A erosão do esmalte causada por essas bebidas não é imediata, mas, com o tempo, pode levar a sensibilidade dentária, cáries profundas, retração gengival e até perda óssea”, explica a ortodontista Dra. Patrícia Valéria Milanezi Alves, especialista em ortodontia cirúrgica e casos clínicos complexos.
Modismo
Impulsionadas por campanhas de marketing e apelo de aumento de energia e performance, as bebidas energéticas se tornaram populares entre jovens, atletas e até executivos. “A combinação de ácidos cria um ambiente ideal para o desgaste contínuo do esmalte dos dentes. O uso constante pode transformar uma busca por mais disposição em um problema bucal sério”, alerta Dra. Patrícia.
Ela relata que já atendeu diversos pacientes, inclusive adolescentes, com danos acentuados aos dentes devido ao consumo excessivo de energéticos e suplementos pré-treino acidulado. “Os prejuízos aparecem cedo e não se limitam à estética. Em alguns casos, não é mais possível realizar tratamentos simples”, afirma a ortodontista.
Recentemente, a atriz Dakota Johnson revelou ter sofrido uma “overdose de cafeína” durante as gravações de seu curta-metragem ao consumir grandes quantidades de energéticos. “Esse tipo de relato reforça que o risco é real, até mesmo para pessoas jovens e saudáveis”, comenta Dra. Patrícia.
Danos Bucais
Os danos mais comuns causados pelo consumo frequente de energéticos e bebidas gaseificadas são a erosão ácida do esmalte, provocada pelo baixo pH e pela presença de ácidos cítricos e fosfóricos, que enfraquecem a superfície dos dentes. O excesso de cafeína também reduz a produção de saliva, comprometendo a proteção natural da boca e facilitando o aparecimento de cáries e doenças periodontais. Além disso, os corantes artificiais presentes nessas bebidas podem ainda resultar descoloração nos dentes. Outro efeito colateral é o bruxismo, frequentemente associado à ansiedade gerada pela superestimulação da cafeína, o que afeta o sistema mastigatório, gerando dores musculares, desgaste dental e fraturas.
Dra. Patrícia enfatiza que a estética e a funcionalidade dental estão intimamente relacionadas, e os problemas causados por bebidas estimulantes muitas vezes não são percebidos a tempo. A especialista sugere algumas atitudes simples para evitar danos à saúde bucal:
Usar canudos ao consumir bebidas ácidas (Refrigerantes, Soda, energéticos, entre outros);
Não escovar os dentes imediatamente após o consumo (esperar 30 minutos);
Aumentar a ingestão de água e manter uma boa higiene bucal;
Evitar o consumo de bebidas estimulantes, especialmente sem recomendação profissional;
Realizar consultas regulares ao dentista.
“Prevenir é a solução! O sorriso não é apenas um cartão de visitas, é saúde. Se queremos formar uma geração mais saudável, precisamos conversar sobre isso com clareza, especialmente com os jovens”, conclui a ortodontista.
Sobre
Patrícia Valéria Milanezi Alves tem 30 anos de carreira é graduada pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, com Mestrado e Doutorado em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Realizou fellowships em pesquisa ortodôntica e treinamento clínico em instituições de referência nos Estados Unidos, como The Craniofacial Center da University of Illinois at Chicago e Rush University Medical Center. Possui sólida atuação nas áreas de ortodontia, odontopediatria, crescimento craniofacial, fissura lábio-palatina e planejamento orto-cirúrgico, com foco em abordagens multidisciplinares e no uso de tecnologias tridimensionais para diagnóstico e tratamento de deformidades crânio-maxilo-faciais.
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Kaísa Christina Romagnoli
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