Hospitais de alta complexidade são essenciais na rede de saúde pública brasileira. Essas unidades de saúde são responsáveis por procedimentos mais delicados, complexos e que deixam os pacientes em um momento ainda mais vulnerável de saúde. É neste contexto que surge a importância de uma especialidade geralmente lembrada em outros momentos: a infectologia.
A recente pandemia de Covid-19, os altos índices de gripe no inverno anualmente e a atual epidemia de dengue em algumas regiões do Brasil colocam os infectologistas no centro do debate sobre as doenças virais. No entanto, a especialidade – que é lembrada no dia 11 de abril, Dia do Infectologista – também é responsável pela segurança dos pacientes dentro das unidades de saúde.
É o caso da Santa Casa de Araçatuba, hospital de alta complexidade referência para 40 cidades da região do Oeste Paulista. A unidade de saúde possui 60 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e serviços que tratam doenças que tornam os pacientes vulneráveis, como nos setores de oncologia, nefrologia, neonatologia.
Médico infectologista e intensivista da Santa Casa de Araçatuba, o Dr. Fábio Bombarda explica que a infectologia dentro de um hospital “desempenha um papel essencial no apoio ao diagnóstico, tratamento adequado, prevenção e controle de infecções, incluindo as hospitalares”.
“Eles colaboram com outros médicos, enfermeiros, farmacêuticos, biomédicos, microbiologistas, entre outros, de maneira multidisciplinar para implementar medidas de higiene, precauções de isolamento, uso adequado de antibióticos e outras estratégias para evitar a disseminação de infecções dentro das instituições de saúde”, afirma o especialista.
Para além das funções dentro de uma unidade de saúde, o Dr. Fábio Bombarda também ressalta a importância do infectologista neste momento de doenças virais no Brasil e no mundo. Ele destacou a relevância principalmente nos hospitais públicos.
“Ser um infectologista em momentos tão cruciais da nossa história é uma honra e ao mesmo tempo um imenso desafio, principalmente na saúde pública onde, diferente dos serviços privados, o contraste é grande dada a perversa e histórica desigualdade social e de renda do nosso país”, diz.
Bombarda também ressalta o risco que os infectologistas e outros profissionais da saúde correm nestes momentos de emergência sanitária. “O árduo trabalho em pandemias, epidemias e endemias, além de criar grande risco de vida e contaminação aos profissionais, exige colaboração, pesquisa contínua e a aplicação dos princípios da microbiologia, farmacologia e imunização.”
A infectologia não fica restrita às doenças que estão com maior evidência no momento. Os infectologistas investigam os agentes causadores de doenças, como bactérias, vírus, fungos e parasitas, e seu impacto na saúde de indivíduos e comunidades.
“Os infectologistas desempenham um papel fundamental no diagnóstico, tratamento e prevenção também de doenças como tuberculose e HIV/AIDS. A infectologia nunca foi tão evidente e fundamental para a sociedade”, afirma Bombarda.
Crescimento no número de infectologistas no Brasil
A mais recente pesquisa Demografia Médica 2023 mostra que o número de infectologistas disparou em dez anos. Em 2012, o Brasil contava com 268.218 profissionais na área, número que saltou para 495.716 em 2022 – um crescimento de 82,8%. Atualmente, há um infectologista para cada 485.169 brasileiros no país.
Bombarda analisa que a tendência é o número crescer ainda mais daqui para frente. “Durante a pandemia, houve um significativo aumento pelos cursos de especialização, assim como agora vivemos uma explosão de cursos de Medicina, tornando o Brasil um dos países com mais médicos no mundo, fato que pode determinar maior formação de especialistas”, afirma.
No entanto, ele diz que alguns pontos afastam os médicos da infectologia. “Alguns fatores acabam distanciando os médicos desta área, como a complexidade das doenças, os riscos de contaminação a que muitas vezes são expostos e a remuneração, que fica aquém de outras áreas da Medicina.”