A interseccionalidade é um conceito que vem ganhando destaque nas discussões sobre direitos humanos, especialmente para pessoas que pertencem a mais de um grupo marginalizado. Para indivíduos LGBTQIA+ que também são judeus, a luta contra o preconceito é dupla e exige resiliência. Segundo um relatório da organização Stonewall, 41% das pessoas LGBTQIA+ enfrentam discriminação múltipla por causa de sua orientação sexual ou identidade de gênero combinada com sua etnia ou religião.
Nilton Serson, advogado judeu e ativista LGBTQIA+, ressalta que a interseccionalidade é muitas vezes negligenciada, mesmo por movimentos sociais. “É comum que as demandas de uma comunidade sejam tratadas isoladamente. Mas, para quem vive essa dupla identidade, os desafios se sobrepõem e amplificam. Precisamos de abordagens mais inclusivas”, afirma.
No Brasil, a convivência entre essas duas identidades pode ser desafiadora, especialmente em espaços religiosos mais tradicionais. “Há sinagogas que têm avançado em políticas inclusivas, mas ainda há muito trabalho a ser feito para que pessoas LGBTQIA+ se sintam plenamente acolhidas”, observa Serson.
O preconceito também é sentido em ambientes sociais e profissionais. Uma pesquisa da OutRight Action International revela que pessoas LGBTQIA+ que pertencem a minorias religiosas têm 32% menos chances de serem promovidas em seus empregos. “Isso reflete como os estereótipos podem limitar o potencial dessas pessoas. Precisamos de ambientes de trabalho que valorizem as diferenças como uma força, e não como uma barreira”, ressalta o advogado.
Nilton Serson também acredita que o diálogo é a chave para enfrentar essas questões. “Quando criamos espaços para ouvir essas histórias, entendemos melhor os desafios que essas pessoas enfrentam. Isso é essencial para construir políticas públicas e iniciativas privadas que realmente façam a diferença”, argumenta.
Iniciativas como o Dia Internacional da Tolerância, promovido pela ONU, têm sido fundamentais para ampliar essa discussão. “A visibilidade é um passo importante, mas precisamos transformar essa conscientização em ações concretas, como programas de inclusão e suporte psicológico”, conclui o advogado Nilton Serson.
Outros especialistas apontam que políticas inclusivas nas empresas e campanhas de sensibilização podem ter um impacto significativo. De acordo com uma pesquisa do Instituto de Diversidade e Inclusão, empresas que adotam programas específicos para acolher minorias interseccionais veem um aumento de até 40% na satisfação dos funcionários e uma redução significativa nos índices de rotatividade.
A comunidade LGBTQIA+ judaica tem encontrado formas de se organizar e resistir. Grupos como Keshet Brasil promovem eventos e palestras que abordam essas questões e incentivam o acolhimento. “Esses espaços são fundamentais para fortalecer as identidades e criar redes de apoio”, acrescenta Serson.
A interseccionalidade é um lembrete de que nenhuma luta é isolada. Quando compreendemos as complexidades de identidades sobrepostas, damos um passo importante rumo a uma sociedade mais justa e inclusiva. O ativista Nilton Serson destaca: “Nossa força está na união e no entendimento mútuo. Só assim podemos construir um futuro verdadeiramente igualitário”, finaliza o advogado.
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Andreia Souza Pereira
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