Aos 16 anos, a paraibana Elce Correia tinha um objetivo: passar para a faculdade de Engenharia Aeroespacial do concorrido Instituto Tecnológico da Aeronáutica. Porém, o drama da família de não receber um diagnóstico para a irmã mais nova, a inspirou a trilhar outro caminho.
“Fernanda só conseguiu pronunciar a primeira palavra com quase quatro anos de idade. Era uma situação angustiante não vê-la falar. Eu e minha mãe corremos atrás de vários especialistas, como fonoaudiólogos, pediatras, neuropediatras, entre outros, em João Pessoa e em outras cidades, com o intuito de descobrir o que ela tinha, e nada. Ninguém sabia nos dizer. E foi com esse desejo de ajudá-la, que decidi fazer medicina”, lembra Elce.
Com três anos e nove meses, após uma consulta com a fonoaudióloga Adriana Guerra, Conselheira Técnica da Associação Brasileira de Apraxia de Fala (ABRAPRAXIA), no Recife, Fernanda foi diagnosticada com Apraxia de Fala na Infância (AFI), um distúrbio neurológico que atinge a produção dos sons da fala. O transtorno, de difícil diagnóstico, afeta 2 a cada mil crianças no Brasil.
Hoje, aos 12 anos, Fernanda consegue se comunicar melhor e estuda em uma escola regular, com apoio multidisciplinar, além de contar com o acompanhamento e supervisão da ABRAPRAXIA. Em casa, treinada pela irmã mais velha, ela pratica musculação.
Elce se formou em medicina no ano passado e se dedica a estudar síndromes genéticas. Ela segue em busca de ajudar cada vez mais a irmã e outras famílias com o mesmo diagnóstico. Em 2022, as duas participaram de uma prova de trialtlon em João Pessoa.
“A Nanda mais uma vez provou que pode fazer o que ela quiser. Treinamos muito para esse desafio. Durante a prova, ela nadou na praia, correu, pedalou e no final recebeu a tão esperada medalha. Ela é o meu orgulho”, diz a irmã.
Fernanda Correia é uma das 100 crianças com Apraxia de Fala que participam da pesquisa de mapeamento genético realizada numa parceria entre a USP e a ABRAPRAXIA.
“Ter um diagnóstico precoce e entender as características da Apraxia de Fala na Infância são aspectos fundamentais para que crianças como Fernanda possam receber o melhor tratamento “, diz Fabiana Collavini, presidente da ABRAPRAXIA.
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PATRICIA DUARTE DE MOURA
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