O palco do Sesc 24 de Maio, na cidade de São Paulo, abrigou nesta terça-feira (10), durante as apresentações de 70 jovens da Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (CASA), um repertório musical tão plural que viajou do erudito, com o “Cânone em Ré Maior” do compositor alemão Johann Pachelbel, passando por “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga, até a canção “Eterno Levy”, sobre a perda de um filho, escrita por um jovem.
O espaço público, acostumado a receber grandes artistas profissionais, cedeu a vez a adolescentes que cumprem medida socioeducativa em oito centros da Fundação CASA da capital, Região Metropolitana de São Paulo e Litoral, durante a edição 2024 do MusiCASA, o festival de música da instituição.
Na abertura, a presidente da Fundação CASA, Claudia Carletto, destacou a capacidade transformadora da cultura. “A cultura se performa de diversas maneiras, está presente até onde não a percebemos. O MusiCASA se manifesta como uma potência, um espaço de troca em que os adolescentes podem mostrar o seu desenvolvimento musical e como isso os afeta, reverberando de dentro para fora”, afirmou a presidente.
O MusiCASA oferece a chance para os adolescentes expressarem emoções e reflexões por meio da música, deixando fluir talento e criatividade. Os jovens apresentaram performances musicais inspiradas no tema “O Mundo ao Avesso”, que convida à reflexão sobre os desafios e contradições do mundo atual.
Estiveram no palco adolescentes dos CASAs Rio Tâmisa, Cora Coralina, Juquiá e Bela Vista, de São Paulo; Osasco I, de Osasco; Vila de São Vicente, de São Vicente; Peruíbe e Mongaguá.
Os adolescentes do CASA Bela Vista, por exemplo, trouxeram o coco, um ritmo e dança de roda presente no Nordeste brasileiro. As jovens do CASA Cora Coralina performaram com dois arranjos para violão das músicas “Garota de Ipanema”, de Vinícius de Moraes e Tom Jobim, e “Baile de Favela”, do MC João.
Já os adolescentes do CASA Peruíbe demonstraram ser ecléticos ao violão, indo do erudito, com o “Cânone em Ré Maior”, para o rap “Ilusão (Cracolândia)”, de Alok e dos MCs Hariel, Davi e Ryan SP. Do Litoral, com os jovens do CASA Peruíbe, veio a homenagem a Luiz Gonzaga, com “Asa Branca”, além da versão de “A Paz”, tocada pelo grupo Roupa Nova.
No final, os adolescentes do CASA Juquiá emocionaram ainda mais os jovens e servidores que acompanhavam as apresentações, com duas músicas autorais. Na primeira, o jovem Gabriel (nome fictício) cantou “Eterno Levy”, funk que escreveu em homenagem ao filho, que faleceu após a sua internação na Fundação CASA. A letra, carregada de sentimentos, descreveu seu arrependimento por não ter estado perto dele quando precisou.
Já a música “Bom Dia, Mundão”, falou sobre resiliência. “Quis trazer uma mensagem positiva, para começar o dia bem (mesmo cumprindo medida socioeducativa)”, contou Flávio (nome fictício), autor da composição.
“Aqui (no Sesc 24 de Maio) é um encontro de gerações, com professores experientes que são porta-vozes do conhecimento musical e transmitem-no aos adolescentes. Quando servidores e adolescentes jogam juntos, só temos a ganhar, fazendo bonito como ocorreu hoje”, ressaltou o gerente de Arte e Cultura da Fundação CASA, Wellington Araújo. “Guardem em sua memória a experiência de tocar num palco tão bonito quanto este.”
Esta foi a terceira de uma série de apresentações que ocorrem desde o final de agosto em unidades do Sesc São Paulo. O MusiCASA 2024 já passou pelo Sesc Santo Amaro, na cidade de São Paulo, e pelo Sesc Sorocaba. Ao todo, participarão cerca de 350 jovens de 45 centros socioeducativos.
Os jovens que participam do festival frequentam, nos centros de atendimento, oficinas de violão, percussão e canto e coral do Projeto Guri, programa de educação musical do Governo do Estado de São Paulo, realizado pela Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas e gerido pela Santa Marcelina Cultura.
As próximas apresentações serão nas unidades do Sesc em Araraquara, dia 20/09, e São José do Rio Preto, dia 24/09.
Sobre a Fundação CASA
A Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (CASA), vinculada à Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania, aplica medidas socioeducativas conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE). Atendendo jovens de 12 a 21 anos incompletos em São Paulo, a Fundação executa medidas de privação de liberdade e semiliberdade, determinadas pelo Poder Judiciário, com base no ato infracional e na idade dos adolescentes, garantindo os direitos previstos em lei, pautando-se na humanização, e contribuindo para o retorno do adolescente ao convívio social.
Mais informações em: https://fundacaocasa.sp.gov.br/.
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CAMILA APARECIDA DE SOUZA
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