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Os povos africanos, sequestrados do seu continente para o Brasil na condição de escravizados, trouxeram nas mentes e corpos suas tradições, conhecimentos, tecnologias e valores civilizatórios, que são preservados e recriados em território nacional, dando origem aos territórios tradicionais de matriz africana, conhecidos como terreiros, roças, ilês, nzo, abassá, egbé, entre outros.
Estes espaços têm sido depredados. Crianças, jovens e idosos de matriz africana têm sofrido agressões verbais e físicas, sem que o Estado e a sociedade se mobilizem para enfrentar a crescente onda de violência contra suas lideranças, práticas culturais e em seus territórios. Segundo os dados da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, em 2021, foram registradas 583 denúncias por intolerância religiosa, a maior parte foi feita por praticantes de tradições de matriz africana. Em 2024 foram registrados, somente no primeiro semestre, 1.940 denúncias, o equivalente a um aumento de 332% nestes últimos 4 anos.
Para denunciar e combater este estado de violência, foi lançada na terça-feira, dia 12/11, na Fundação Palmares, em Brasília-DF, a Campanha de Tradições de Matriz Africana Contra o Racismo, que mobiliza artistas, ativistas, coletivos, organizações, entidades e instituições públicas e privadas a participarem da construção de um calendário unificado de ações de valorização e respeito a estas tradições, cujos princípios civilizatórios, conhecimentos e tecnologias constituem a cultura brasileira. Estiveram presentes no evento Leandro Anton (Coordenador de Articulação da Cultura Viva e representante do MinC), Reginete Bispo (Deputada Federal – RS), Pablo Oxaguian (Mestre de Cerimônia), Renata Sangoranti (Mestre de Cerimônia), Silvany Euclênio (Canal Pensar Africanamente), Bàbá Paulo Ifatide (Pontão de Cultura Ancestralidade Africana no Brasil), Sarah Nascimento (Ministério da Igualdade Racial), Mãe Beth de Oxum (Ponto de Cultura Côco de Umbigada)
João Jorge Rodrigues (Presidente da Fundação Cultural Palmares), Pai Lula (Comissão Nacional dos Pontos de Cultura), entre outras lideranças tradicionais de matriz africana.
O evento contou ainda com intervenções culturais de autoridades tradicionais e apresentações culturais, com o Grupo Sambadeiras de Roda Ação e Tradição, o Côco de Umbigada e o Côco de Quebrada.
“O racismo surge quando os colonizadores e missionários chegaram na África, com seu projeto colonial escravocrata, surgiu um problema de consciência. Como escravizar o outro ser humano, se meu deus diz que somos todos iguais? A resposta veio rápida ‘nego-lhes humanidade’. E como negar humanidade a pessoas detentoras de cultura? ‘nego-lhes cultura, reifico esses seres humanos’. Desde então, iniciou-se o processo de desvalorização, quando não demonização, da cultura e das tradições de matriz africana”. explica, Bàbá Paulo Ifatide, do Pontão de Cultura Ancestralidade Africana no Brasil e uma das principais lideranças do setor no país.
Lideranças de várias regiões do país se reuniram no evento presencial, que teve transmissão ao vivo pelo canal Pensar Africanamente no Youtube, (para ver o vídeo de lançamento, clique em: https://www.youtube.com/watch?v=5hWGJCaVSMg). O evento marcou também o lançamento da plataforma digital www.ancestralidadeafricanabr.org na qual apoiadores e parceiros poderão propor e integrar ações, acessar materiais pedagógicos e conteúdos para mídias sociais, que visam mobilizar os governos municipais, estaduais e federal, iniciativas privadas e a população em geral.
Esta ação já conta com a participação de centenas de pessoas de todas as regiões do país, e do exterior, e terá continuidade após o fim de novembro, em um processo permanente de combate ao racismo.
Impulsionada pelo Pontão de Cultura Ancestralidade Africana no Brasil, de Ribeirão Preto-SP, em parceria com dezenas de Pontos de Cultura, e conta com apoio do Ministério da Cultura, do Ministério da Igualdade Racial e da Fundação Cultural Palmares
Para participar da campanha e acompanhar as ações, siga o instagram @ancestralidadeafricanabr.
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MARINA FRANCO
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