Maio é o mês da campanha que aborda questões sobre segurança no trânsito e usa a cor amarela em referência ao sinal de atenção nos semáforos. Já no início do mês, a Prefeitura de Campo Grande lançou a campanha “Paz no trânsito começa por você”, como forma de debater o assunto e conscientizar a população sobre os cuidados com a vida.
Além de temas como uso de cinto de segurança, revisão adequada dos veículos e respeito às sinalizações, um ponto importante é a análise do machismo, ainda muito presente neste cenário. Apesar das piadas sobre a falta de habilidade das mulheres ao volante, em geral elas são mais cuidadosas que os homens. Segundo dados da Quality Planning, empresa de pesquisa para companhias de seguros, os homens têm 3,4 vezes mais chances de conseguir uma multa por dirigir de forma imprudente e 3,1 mais possibilidades de serem pegos por dirigir embriagados.
Dados da Secretaria Nacional do Trânsito (Senatran) apontam que o Brasil possui mais de 29 milhões de mulheres habilitadas e, conforme destaca a psicóloga e coordenadora do curso de Psicologia da Uniderp, Gislene de Campos Soares Pereira, o protagonismo da mulher no trânsito faz parte do desenvolvimento feminino em prol de uma sociedade mais igualitária. “Assumir papéis de destaque no trânsito desafia estereótipos de gênero e reforça a ideia de que as mulheres são tão capazes quanto os homens em todas as áreas da vida, incluindo a condução de veículos. Além disso, ao se empoderarem no trânsito, as mulheres ganham mais autonomia e independência, podendo se deslocar com segurança e liberdade, o que é essencial para sua participação plena na sociedade. O protagonismo feminino no trânsito também contribui para uma cultura de respeito e igualdade, ao desencorajar comportamentos machistas e promover uma convivência mais harmoniosa entre os gêneros nas vias públicas”.
A psicóloga ressalta que a educação é fundamental para mudança de cultura e assim, combater o machismo por meio da realização de campanhas que estimulem valores como cidadania para todos, é uma forma de coibir toda forma de opressão e violência.
O machismo no trânsito muitas vezes se manifesta de forma sutil, mas impactante. Desde comentários depreciativos sobre a habilidade de dirigir das mulheres até comportamentos agressivos e intimidadores, como assédio verbal ou gestos obscenos, as mulheres frequentemente enfrentam desrespeito e discriminação ao volante. Além disso, estereótipos de gênero também podem influenciar na maneira como as mulheres são tratadas em situações de trânsito, sendo subestimadas em suas habilidades ou mesmo desconsideradas em suas opiniões e decisões. Essa forma de machismo contribui para um ambiente de insegurança e desigualdade nas vias, representando um desafio importante a ser enfrentado na busca por um trânsito mais justo e respeitoso para todos
No Senado Federal está tramitando o projeto de lei nº 1467/2021, pela inclusão do tema “igualdade entre mulheres e homens no trânsito”, em curso de formação de condutores, além do exame escrito para obter a CNH. Outros documentos que refletem sobre questões de gênero e combate às violências também vêm sendo produzidos e divulgados como forma de estimular novos olhares e uma sociedade mais harmônica e justa para todos.
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CAMILA SOUZA DE AZEVEDO
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