“Estou grávida!” E a resposta vem: “Parabéns!” A maioria das mulheres, ao revelar que está grávida, costuma ouvir o famoso “parabéns”, que carrega a ideia de que está plena e feliz, realizando um sonho. No entanto, mais da metade das mulheres que ficam grávidas hoje no Brasil não planejaram essa gestação. Alegria e felicidade nem sempre são as primeiras emoções que elas sentem.
Rafaela Schiavo, psicóloga perinatal e fundadora do Instituto MaterOnline (@materonline no Instagram), responde as maiores dúvidas sobre a romantização da maternidade e oferece dicas práticas para lidar com essa fase de forma mais realista.
“Por que a maternidade é tão idealizada?”
A sociedade costuma ver a maternidade como a realização suprema da mulher, o que dificulta o reconhecimento de sentimentos negativos. Essa idealização cria expectativas irreais, fazendo muitas mães se sentirem inadequadas ou culpadas por não corresponderem a esse ideal. Nós precisamos falar mais sobre essa romantização. Tem milhares de mulheres chorando porque não têm com quem contar e se sentindo culpadas simplesmente por estarem exaustas.
“Quais são os impactos negativos dessa idealização?”
A idealização pode levar ao isolamento emocional. Mães que não se sentem felizes o tempo todo podem ter dificuldade em expressar seus sentimentos, o que pode piorar problemas de saúde mental, como a depressão puerperal. A romantização da maternidade está afetando muitas mulheres, o que influencia diretamente seus bebês.
“Como lidar com a pressão para ser uma mãe perfeita?”
É importante entender que não existe uma ‘mãe perfeita’. Aceitar que é normal ter dias difíceis e buscar apoio emocional e prático é essencial. Conversar com outras mães, familiares e amigos pode ajudar a compartilhar experiências e aliviar a pressão. Nossa sociedade não sabe como tratar mulheres como mães humanas, que têm direitos e não precisam lidar com tudo com um sorriso no rosto.
“O que fazer quando sentimentos negativos surgem?”
Reconhecer e aceitar esses sentimentos é o primeiro passo. Não há problema em pedir ajuda profissional. A psicoterapia pode ser uma ferramenta valiosa para trabalhar essas emoções e encontrar maneiras de lidar com elas. A saúde mental das próximas gerações também depende de como tratamos as mães hoje. Como psicólogos, temos a obrigação de mudar essa história.
“Como posso construir uma rede de apoio?”
Uma rede de apoio pode incluir familiares, amigos e até profissionais de saúde. Eles podem ajudar com tarefas diárias, oferecer um ombro amigo e compartilhar experiências. Ter um parceiro compreensivo também é fundamental.
“Qual é o papel do parceiro nesse processo?”
Um parceiro presente e envolvido pode fazer uma grande diferença. Dividir responsabilidades e apoiar emocionalmente a mãe pode aliviar significativamente a carga e promover um ambiente mais equilibrado e saudável para a família.
“O que posso fazer para evitar que eu e o meu bebê soframos com a romantização da maternidade?”
É fundamental oferecer suporte e atenção às mães. Isso envolve fornecer atendimento psicológico, criar redes de apoio entre familiares e amigos, e promover uma visão mais honesta e realista da maternidade. Como sociedade, precisamos nos preocupar com essa questão. Milhares de mães estão sem apoio necessário para cuidar de seus filhos.
“Como encarar a maternidade de forma mais real?”
Informação e preparação são fundamentais. Participar de grupos de apoio, fazer terapia e aprender sobre os desafios da maternidade podem contribuir para ajustar as expectativas. É importante lembrar que cada experiência é única e válida.
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Tais Gomes Oliveira
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