Se antes, chegar aos 40 anos era sinônimo de pensar em desacelerar o passo, hoje podemos dizer que as mulheres desta faixa etária estão em plena atividade. O mercado de trabalho vem mudando nos últimos anos, as empresas buscam equipes mais diversas. No entanto, é preciso destacar que as mudanças estão ocorrendo em um ritmo lento. Há muitos problemas a enfrentar, como a questão da igualdade salarial. Uma pesquisa recente do IBGE indicou que de forma geral, sem recortes por níveis, as trabalhadoras no Brasil recebem em média 20,5% menos que os homens. Essas e outras barreiras têm levado muitas mulheres a recorrerem ao empreendedorismo como uma alternativa à discriminação de gênero no ambiente corporativo, mas, infelizmente elas ainda são minoria quando o assunto é investimento.
Sobra qualificação e faltam investimentos
A Catho, plataforma online de recrutamento, em pesquisa de 2019 constatou que 30% das mulheres possuíam nível superior e pós-graduação, enquanto apenas 24% dos homens tinham tais qualificações. Entretanto, quando falamos de investimentos, o mercado não é favorável para elas. De acordo com o Perfil do Investidor, realizado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), entre 1.244 entrevistados, desse total apenas 9,29% eram mulheres.
No cenário dos investimentos anjo, de maior risco, os dados não são muito animadores. O estudo Anjos do Brasil, de 2022, que mapeou 7.963 investidores anjo do país detalhou que 10% deles eram mulheres. Para mudar esse panorama é preciso orientar as pessoas quanto às oportunidades que estão atreladas ao investimento e, o mais importante, a acessibilidade. Atualmente, com a nova economia e novos modelos de negócios, qualquer pessoa pode se tornar um investidor anjo. Não é preciso ter vários zeros na conta bancária para investir naquilo em que se acredita. Tendo uma tese de investimento definida, mulheres podem investir onde elas quiserem e fazer parte dessa mudança no mundo.
Em suma, a desigualdade de gênero no mundo dos investimentos é consequência do que acontece fora desse mercado. Enquanto a renda das mulheres for menor, enquanto elas forem mais comprometidas com as tarefas domésticas e o sustento da família, elas terão menos liberdade para assumirem riscos de investimento. Países desenvolvidos que investem na pauta da igualdade de gênero em todas as esferas, certamente irão colher frutos mais prósperos. O Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer, por isso é fundamental termos iniciativas paralelas que levem conhecimento e informação a todas.
* Carolina Gilberti é CEO da Mubius Womentech Ventures, a primeira WomenTech do Brasil.
Sobre a Mubius WomenTech Ventures
Parte da FCJ Venture Builder, a maior venture builder da América Latina em expansão (criada em 2013, em Belo Horizonte), a Mubius WomenTech Ventures é a primeira WomenTech do Brasil. Com metodologia própria e validada no mercado de startups, a companhia busca investir em lideranças femininas por acreditar que se trata de um novo olhar e de uma nova forma de se relacionar e de fazer negócios. Para mais informações, acesse: https://mubius. ventures/.