A Nossa Arena, único espaço poliesportivo da América Latina dedicado a mulheres e pessoas trans, foi palco do Flag! Future Leaders, Active Girls, um evento inédito que recebeu mais de 60 pessoas para falar sobre saúde mental, liderança e equidade de gênero no esporte.
O primeiro painel, com o tema Saúde Mental e Liderança, teve como mediadora Shannon Murdoch, vice-presidente de Treinamento e Educação do Institute for Sport and Social Justice, e conversou com Derrick Mitchell e Jeremiah Brown, ex-jogadores profissionais de futebol americano. Os atletas compartilharam suas jornadas pessoais e ressaltaram a importância de treinadores e líderes entenderem e priorizarem a saúde mental de seus jogadores e colegas de trabalho.
“Queremos que as pessoas se tornem atletas de alta performance, mas muitas vezes, esquecemos que a performance começa em nossas mentes”, comenta Jeremiah Brown. Segundo Derrick, atualmente, os atletas estão sendo incentivados a falar sobre os problemas que passam em relação à saúde mental, pois cada vez mais, cresce o movimento de treinadores, líderes e até torcedores que apoiam e incentivam os atletas a falar sobre o tema. “Todos precisamos de ajuda em algum momento de nossas vidas. Não é vergonha pedir ajuda para nos sentirmos bem fisicamente e mentalmente”, comenta.
O segundo painel, sobre Diversidade e Inclusão, teve mediação da Júlia Vergueiro, sócia proprietária da Nossa Arena e conversa com Paula Korsakas, consultora, pesquisadora e docente em esporte e desenvolvimento humano, e com a Dra. Ashleigh Huffman, vice-presidente de engajamento global do Institute for Sport and Social Justice.
“Mais do que conhecimento técnico esportivo, treinadores precisam entender de pessoas em diferentes etapas da vida, olhar para as nuances de gênero, como elas estão implícitas e como o esporte responde de maneira saudável às necessidades e às diversidades”, comenta Paula. Para a consultora, que vem trabalhando diretamente com instituições como o Comitê Olímpico Brasileiro e a Federação Paulista de Futebol, as novas gerações de treinadores e treinadoras já estão pensando em pautas de gênero e raciais no esporte, e não olhando somente a parte técnica. “Observo que a nova geração não romantiza o esporte, mas sim olha com cuidado como deve conduzir a prática, para que, de fato, essa experiência seja saudável e positiva”, afirma.
Segundo Ashleigh, que já atuou como o equivalente ao cargo de Ministra do Esporte para o governo norte-americano, por mais que os Estados Unidos tenham a cultura de incentivar meninas desde muito cedo a praticarem esportes, o país vive hoje uma crise de inatividade física, que é acentuada entre as mulheres e entre os grupos desfavorecidos como pessoas negras e imigrantes. “O esporte é um grande professor para a vida, mesmo que você não se torne atleta profissional. Apenas 1% dos norte-americanos que praticam esporte são atletas de alta performance, e todo o resto, o que estão ganhando?”, questiona Ashleigh. “Conseguimos tirar muitos benefícios do esporte. Ele ajuda as pessoas a terem habilidades que não são usadas apenas em ligas profissionais, mas sim na vida”, afirma.
“Vemos que estamos alcançando o nosso objetivo na Nossa Arena quando conseguimos reunir nomes e discursos tão potentes, além de ter pessoas interessadas em aprender sobre assuntos importantes tanto para o esporte profissional, quanto para o recreativo e educacional. Hoje falamos de maneira aberta sobre saúde mental, diversidade de gênero e outros assuntos que antes eram tratados como tabu. Tudo isso são avanços que damos no sentido de melhorar a vida de todos e todas atletas”, afirma Júlia Vergueiro.
O evento foi organizado em parceria com o Institute for Sport and Social Justice, a Seleção Brasileira Feminina de Flag Football e a Embaixada e Consulado dos EUA no Brasil.
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ALVARO CAMPAGNOLI NETO
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