Fernanda França de Oliveira lança seu romance de estreia, explorando as complexidades de um relacionamento em crise e a jornada de autodescoberta de uma mulher em busca de sua própria voz.
“Se não fosse esse maldito desejo de liberdade” acompanha a história de Ilana, uma mulher presa em uma realidade que não a define. Seu casamento com Augusto, marcado por uma crescente insatisfação e um pedido inesperado, a leva a questionar profundamente seus valores e desejos. A busca por uma solução para a crise conjugal os leva a uma terapia de casal, onde Ilana se depara com a complexidade de seus sentimentos e a necessidade de reavaliar sua vida.
A obra mergulha nas angústias de uma mulher que se sente sufocada pelas expectativas sociais e familiares. As frustrações com a vida conjugal e a impossibilidade de ter filhos se somam à insatisfação profissional e à presença opressiva de sua família. Em meio a esse turbilhão emocional, Ilana é desafiada a romper com a inércia e a redefinir seus valores, desejos e objetivos.
“Se não fosse esse maldito desejo de liberdade” é uma obra que se destaca pela sensibilidade e pela forma como Fernanda França de Oliveira aborda temas como o amor, a liberdade, a maternidade, a identidade e a busca por um lugar de pertencimento. A escrita da autora, marcada por uma intensa busca pela verdade e pela expressão autêntica, garante uma leitura envolvente e reflexiva.
Entrevista com Fernanda França de Oliveira
1 – Como foi o processo de construção de “Se não fosse esse maldito desejo de liberdade”?
Eu já tinha um livro de contos e crônicas publicado (“Do céu ao inferno em quinze minutos com direito a retorno (ou o amor e suas dualidades)”), além de vários textos espalhados por antologias diversas, mas me sentia incapaz de escrever um romance, embora quisesse muito fazê-lo. Em janeiro de 2023, participei de uma Oficina do Romance com o Professor Luiz Antônio de Assis Brasil. Foi ali que surgiu a ideia central do “Se não fosse esse maldito desejo de liberdade”. Escrevi as primeiras páginas e procurei o apoio da minha mentora querida, Lella Malta, que esteve comigo por todo esse processo. Toda semana, eu escrevia algumas páginas e ela as discutia comigo. Não sei por quantos meses fizemos essa dinâmica, acredito que foi ao longo de toda a gestação da minha filha que hoje tem um ano e dois meses. O livro ficou pronto no momento em que havia uma chamada aberta para originais de escritores de Minas Gerais (sou mineira, apesar de morar no Rio de Janeiro). Recebi a resposta positiva quando estava no consultório da pediatra da minha filha, quando ela tinha poucos meses de idade. O livro é muito especial para mim porque, além de falar de temas que me são muito caros, foi gestado concomitantemente à minha menina.
2 – Conte sobre a sua participação na última Bienal do Livro SP. Fale das suas impressões e experiências.
A Bienal de São Paulo foi muito especial para fazer conexões. Conheci pessoas interessantes, troquei experiências com várias autoras e autores. Repassei um pouco do que escrevo para pessoas que não me conheciam. Levei meus livros, levei as frases do meu instagram literário (@umpedevento) estampadas em vários brindes e, de alguma forma, entrei com minhas palavras na casa das pessoas que estiveram comigo durante a Bienal. E eu estava lá com o apoio da minha filha e do meu marido. Foi tão especial ver a minha menina em seu primeiro contato com um evento literário desse porte, enquanto eu expunha os meus escritos!
3 – O livro nos apresenta uma Ilana em profunda crise existencial, em um casamento que parece não funcionar. O que te inspirou a construir essa personagem?
A Ilana é um misto de várias experiências e histórias que passaram por mim. Não há nada no mundo que seja escrito sem que a gente deixe um pouco dos outros e um pouco da gente. Então, a Ilana sou eu em algum momento da minha vida, a Ilana é uma conhecida, uma amiga, a Ilana é uma personagem de um livro que li, de um filme a que assisti, a Ilana é alguma música que ouvi. A Ilana também representa esse mal estar geral com as convenções sociais que são impostas a uma mulher na sociedade patriarcal em que vivemos, ao mesmo tempo em que ela representa a libertação desses padrões.
4 – A relação de Ilana com Augusto é um dos eixos principais da narrativa. Um pedido inesperado de seu marido faz com que ela comece a questionar tudo em sua vida. Fale um pouco sobre esse pedido e o que ele representa para a Ilana.
Ilana se sente engessada em todos os aspectos de sua vida: casamento, profissão, planejamento familiar, vida social… Ela quer muito uma mudança drástica, mas não sabe como fazê-lo.Ela acredita que a chave dessa virada esteja na maternidade (que ela tanto busca por meio de tratamentos de fertilidade, sem sucesso), mas percebe, através de sua própria reação ao pedido feito por seu marido, que o caminho para essa mudança talvez esteja em sua libertação sexual e afetiva.
5 – A obra também aborda questões ligadas à família, ao narcisismo da irmã de Ilana e a intromissão dos sogros. Como esses elementos influenciam na busca por liberdade da personagem?
Nós, mulheres, crescemos dentro de caixas que limitam nosso modo de agir, de falar, de nos posicionar. É uma imposição patriarcal que perpassa a infância, a juventude, a vida adulta de qualquer mulher. Não podemos ser assertivas demais, não podemos dançar de uma determinada forma, não podemos usar determinadas roupas, não podemos ter muitos parceiros, devemos ser modestas, não podemos ocupar muitos espaços… São tantos os caminhos pelos quais não devemos seguir (caminhos que estão sempre abertos ao gênero masculino) que é natural que muitas mulheres se sintam perdidas. Todas essas pessoas que atravessam o caminho de Ilana para tentar fazê-la se sentir sempre inadequada representam as tantas imposições de um modo de viver que se colocam na trajetória de uma mulher.
6 – Sei que já temos outro livro para lançar, em breve. Fale mais sobre ele.
Eu, como a Ilana, tive que passar por profundas reflexões sobre a maternidade nos três anos de tentativas frustradas de engravidar que passei. Para piorar, a maior parte desse período coincidiu com a pandemia, o que tornou esse período ainda mais doloroso para mim. Eu me questionei muitas vezes se eu realmente queria aquilo ou se estava me sentindo compelida a fazê-lo por uma das inúmeras imposições sociais que pesam sobre o gênero feminino. Eu e Ilana partimos de um ponto parecido nesse aspecto, embora tenhamos tomado estradas diferentes. Na minha estrada havia um profundo desejo de ser mãe, que ficou bem claro ao longo de toda essa reflexão por que tive que passar. Então, comecei escrevendo sobre essa busca, continuei quando finalmente engravidei e segui no meu puerpério com esses textos que me trouxeram conforto por essa jornada por que tenho hoje tanto carinho. Assim nasceu o “Palavras que guardei para minha filha”, que também será publicado pela Editora Urutau na coleção “Mãe leva a outra”. O livro não terminou, porque continuo escrevendo sobre essa experiência ininterrupta que é a maternidade. Escrevo sobre ela na minha newsletter, inclusive (https://umpedevento.substack.com/), mas pretendo transformar esses textos também em outros livros no futuro.
Sobre a autora:
Fernanda França de Oliveira tem 37 anos, é servidora pública, mineira (Sete Lagoas-MG), e mora no Rio de Janeiro. Seus textos foram publicados nas obras coletivas “Quarta e Anteontem” (Editora Bestiário), “Filhos da Terra” (Editora Letras Virtuais), “As cores do assombro” (Prêmio Literário “Escreva, Garota!”), “Elucidação” (Editora Ases da Literatura) e “Amarelinha, Pique-Esconde e outras dores” (Editora Oito e Meio). Tem duas obras individuais anteriores publicadas, “Do céu ao inferno em quinze minutos com direito a retorno (ou o amor e suas dualidades)” (Ases da Literatura) e “Se não fosse esse maldito desejo de liberdade” (Editora Urutau). Também teve um conto e uma crônica (finalista) e uma poesia publicados na coletânea do Prêmio Off-Flip de 2023.
Trecho do livro:
“É tão diferente estar de frente para a doutora Luma depois de tudo o que aconteceu! Eu não me sinto mais ligada a Augusto, não tenho mais apego ao que vivemos, tampouco rancor por tantas feridas recíprocas. Para mim ele agora não passa de um personagem secundário na minha história, cuja participação está chegando ao final, basta encontrar uma maneira de encerrá-la”. Página 72.
A Bienal do Livro SP é um dos eventos culturais mais aguardados do ano. É um verdadeiro festival para os amantes da leitura, com um mar de livros, autores, debates e atividades para todos os gostos.
“Escrevi ‘Se não fosse esse maldito desejo de liberdade’ para falar sobre a busca por autenticidade, sobre a necessidade de romper com o que nos aprisiona e recomeçar. A história da Ilana é um convite para olharmos para dentro de nós mesmos, para questionarmos os nossos valores e seguirmos em direção ao que realmente nos faz felizes. A Bienal do Livro é o lugar perfeito para essa conversa, para compartilharmos essa jornada de autodescoberta e fortalecermos a paixão pela leitura”, explica a autora.
FICHA TÉCNICA
Título: Se não fosse esse maldito desejo de liberdade
Autora: Fernanda França de Oliveira
ISBN:: 978-65-5900-609-0
idioma: português
formato: 13×16,5 cm
páginas: 152 páginas
ano de edição: 2023
edição: 1ª
Preço: R$52,00
Onde Comprar: diretamente com a autora ou pelo site da editora: https://editoraurutau.com/titulo/se-nao-fosse-esse-maldito-desejo-de-liberdade
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ALEX YAN DA COSTA MENDES
jornalista.tamyristorres@gmail.com