Setembro Amarelo é uma campanha dedicada à conscientização sobre a saúde mental e à prevenção do suicídio. Neste contexto, um tema que merece destaque é o impacto do vício em tecnologia na saúde mental dos brasileiros.
O uso excessivo de dispositivos eletrônicos, como smartphones, tablets e computadores, tem se tornado uma preocupação crescente. Segundo dados do IBGE, mais da metade dos brasileiros não consegue ficar um dia inteiro longe do celular. Esse comportamento pode levar a sérios problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão. Um estudo da Hibou Pesquisa e Insights revelou que 56% dos brasileiros não ficam longe do smartphone por mais de uma hora.
A psicóloga Silvia Rezende, especialista em Terapia Comportamental-Cognitiva em saúde mental, explica que a tecnologia, especialmente as redes sociais e os jogos eletrônicos, é programada para capturar a atenção do usuário, oferecendo uma sensação imediata de bem-estar. No entanto, o uso excessivo pode ter efeitos negativos a médio e longo prazo. Entre os problemas relatados, 16% dos brasileiros admitem que o uso de smartphones prejudica o trabalho e afeta relacionamentos familiares, enquanto 12% afirmam que a dependência da internet leva a distrações no trânsito.
Estudos internacionais também corroboram esses achados. Pesquisadores da Universidade de San Diego, nos Estados Unidos, constataram que adolescentes excessivamente expostos a dispositivos eletrônicos manifestam sinais de insatisfação com a vida, infelicidade e problemas de autoestima com mais frequência. Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) compara o vício em jogos eletrônicos à dependência química, devido às consequências físicas e mentais semelhantes.
Prevenção
A adolescência é uma fase crítica para o desenvolvimento emocional e mental, e intervenções adequadas podem prevenir ou mitigar problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão, que são exacerbados pelo uso excessivo de tecnologia.
“Educar os adolescentes sobre o uso saudável da tecnologia é essencial. Com o uso excessivo de dispositivos eletrônicos se tornando uma preocupação crescente, é importante ensinar sobre os riscos do vício em tecnologia e promover hábitos digitais equilibrados. Isso inclui incentivar pausas regulares, limitar o tempo de tela e promover atividades offline que estimulem a interação social e o bem-estar físico”, reitera Silvia.
Na avaliação da psicóloga, trabalhar essa pauta com os adolescentes promoverá o desenvolvimento das habilidades sociais e emocionais que são fundamentais para o bem-estar mental. “Atividades que promovem a comunicação, a resolução de conflitos e a empatia podem contrabalançar os efeitos negativos do uso excessivo de tecnologia. Essas habilidades são essenciais para a construção de relacionamentos saudáveis e para a capacidade de lidar com os desafios da vida”.
Estudos acadêmicos de psicologia apontam que fortalecer as relações familiares e comunitárias também são cruciais. Nesse sentido, Silvia considera como uma estratégia eficaz, envolver pais, educadores e a comunidade no processo educativo a fim de criar um ambiente de apoio e compreensão. “Isso é essencial para ajudar os adolescentes a navegarem pelos desafios emocionais e sociais que enfrentam, proporcionando uma rede de suporte que pode fazer toda a diferença em momentos de crise”.
Na análise da psicóloga, promover atividades alternativas é outra estratégia importante. Incentivar os adolescentes a participarem de atividades físicas, artísticas e sociais pode reduzir o tempo gasto em dispositivos eletrônicos e promover um estilo de vida mais equilibrado e saudável. “Essas atividades não só melhoram a saúde física, mas também contribuem para o bem-estar emocional e social”.
Para além dessa abordagem, argumenta a psicóloga, a conscientização sobre os impactos negativos do uso excessivo de tecnologia e a promoção da busca por ajuda profissional são fundamentais. “Indico incluir sessões de terapia, grupos de apoio e programas de bem-estar mental que ajudam os adolescentes a desenvolverem uma relação saudável com a tecnologia”, e reforça, “a conscientização e o apoio contínuo são essenciais para garantir que os adolescentes se tornem adultos saudáveis, equilibrados e preparados para enfrentar os desafios da vida”.
“A conscientização e a busca por ajuda profissional são fundamentais para promover uma relação saudável com a tecnologia e garantir o bem-estar mental”, finaliza Silvia.
Sobre Silvia Resende
Silvia Rezende é uma psicóloga e pedagoga com uma formação em Terapia cognitivo-comportamental. Ela tem 27 anos de experiência em diversas áreas da psicologia e é especialista em Terapia Comportamental Cognitiva pelo Ambulatório de Ansiedade (AMBAN), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e é filiada à Federação Brasileira de Terapias Cognitivas.
Atualmente, ela é a coordenadora técnica da Clínica de Psicologia LARES e atua como psicóloga colaboradora no Instituto de Psiquiatria – IPq HCFMUSP. Além disso, ela é professora no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, onde ministra o curso “Lidando com a depressão”.
Silvia também concluiu um curso de Mindfulness e Redução de Estresse, o que a capacita a ajudar seus pacientes a lidarem com o estresse e a ansiedade de maneiras eficazes. Como psicóloga clínica, ela se especializou em Transtornos de Ansiedade e Depressão, fornecendo tratamento e apoio para aqueles que lutam contra essas condições.
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