A campanha “Setembro em Flor” foi criada em 2021 pelo Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA). A partir desse movimento, em 29 de novembro de 2023 a deputada Renilce Nicodemos (MDB/PA) apresentou o Projeto de Lei 5782-2023, para incluir no calendário nacional a campanha “Setembro em Flor”, para conscientização sobre os tumores ginecológicos durante o nono mês do ano. O objetivo dessa iniciativa é disseminar informação para a população sobre prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer do colo do útero, ovário, endométrio, vulva, vagina, entre outros cânceres do aparelho reprodutor feminino, que acometem mais de 32 mil brasileiras a cada ano.
O Setembro em Flor surgiu com realização de lives, workshops, publicações em redes sociais, ações em instituições de saúde e o lançamento de materiais informativos. Em 2023, por iniciativa do EVA, foi realizado no dia 12 de setembro, no Salão Nobre da Câmara dos Deputados, o “Fórum de Conscientização do Câncer Ginecológico e Busca por Mudanças de Políticas Públicas”, envolvendo a sociedade civil e o poder público.
O símbolo da campanha é uma flor, com pétalas de diferentes cores, sendo que cada cor representa um dos cinco tumores ginecológicos (colo uterino, corpo uterino, ovário, vulva e vagina). A flor é um símbolo de vida, pureza, feminilidade, fertilidade, o que representa bem a mulher. A campanha, idealizada há quatro anos pela oncologista clínica Andréa Paiva Gadêlha Guimarães, diretora do EVA e coordenadora de Advocacy, explica que a ação surgiu de uma carência de conhecimento da população brasileira sobre os tipos de câncer que acometem o aparelho reprodutor feminino. Pelo segundo ano consecutivo, a atriz Marieta Severo será a madrinha da campanha.
“É de extrema importância que a campanha ajude as mulheres a se mobilizarem para a prevenção e o diagnóstico precoce por meio do exame de Papanicolau e a vacinação contra o papilomavírus humano (HPV)” alerta a oncologista clínica e vice-presidente do EVA, Graziela Zibetti Dal Molin. O exame de Papanicolau e a vacina contra HPV estão disponíveis e acessíveis na rede pública. Alguns cânceres podem ser silenciosos, assim é válida a conscientização para um rastreio controlado por meio de exames de rotina, atenção para sintomas persistentes e busca por assistência médica. Nesse sentido, promover educação e ensino em câncer ginecológico é um dos focos do grupo, que busca trabalhar em parceria com outras associações médicas e não médicas para melhor assistência à paciente com câncer ginecológico.
Câncer ginecológico em números
Estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam para 704 mil novos casos de câncer em 2024. O câncer ginecológico é um dos mais incidentes nas mulheres, sendo que os três órgãos do sistema reprodutor feminino mais acometidos por tumores malignos são os de colo do útero, ovário e corpo do útero (endométrio), que somam 32,1 mil novos casos anuais, representando 13,2% de todos os casos de câncer diagnosticados nas brasileiras.
Do total de mulheres do país que recebem, anualmente, o diagnóstico de algum câncer ginecológico, a maioria apresenta câncer do colo do útero: são aproximadamente 17 mil novos casos previstos em 2024. Em seguida está o câncer de corpo do útero (endométrio) com 7.840 casos, seguido por câncer de ovário com 7.310 casos. O câncer de ovário é o mais mortal entre os tumores ginecológicos e frequentemente descoberto em estágio avançado. Outros dois tipos, câncer de vulva e vagina, também entram nesse grupo, mas para eles não há dados nacionais oficiais de novos casos por ano.
Setembro em Flor de 2024 – A campanha “Setembro em Flor”, que tem a atriz Marieta Severo como madrinha pelo segundo ano consecutivo, traz em 2024 o tema “Há vida além do câncer”. Dentre as atividades programadas está o 2° Fórum em Políticas Públicas no Salão Nobre da Câmara dos Deputados, em Brasília, seguido pela projeção da campanha no Congresso Nacional. No dia 28 de setembro ocorrerá no Shopping Metrô Itaquera a ação de conscientização contra câncer ginecológico e HPV relacionados, além de um mutirão de vacinação contra o HPV. Além destas ações, durante todo o mês serão divulgados posts nas redes sociais: @gbtumoresginecologicos, assim como haverá episódios de podcast e divulgação de alertas de prevenção em alguns salões de cabelereiros, em academias, entre outros locais.
Sintomas de alerta dos tumores ginecológicos – Os cânceres ginecológicos podem se manifestar de diferentes formas. Em estágios iniciais, podem ser assintomáticos, mas é importante ficar alerta a alguns sintomas persistentes, que necessitam de investigação, como:
Sangramento vaginal fora do ciclo menstrual;
Sangramento vaginal na menopausa;
Sangramento vaginal após a relação sexual;
Corrimento vaginal incomum;
Dor pélvica;
Dor abdominal;
Dor nas costas;
Dor durante a relação sexual;
Abdômen inchado;
Necessidade frequente de urinar;
Lesão na vulva ou vagina;
Coceira persistente em vulva ou vagina.
Diagnóstico de câncer ginecológico – Em caso de suspeita de câncer ginecológico é necessário realizar uma série de exames minuciosos para definir o histórico correto da paciente e chegar ao diagnóstico preciso, tais como: ultrassom; radiografia; tomografia computadorizada; ressonância magnética; tomografia por emissão de pósitrons. Após esses exames é necessário que seja feita uma biópsia, para confirmar o diagnóstico. É fundamental que as mulheres estejam cientes dos sinais e busquem avaliação médica regularmente, permitindo assim o diagnóstico precoce, que pode fazer diferença no tratamento e na sobrevida.
Referência
1 – Instituto Nacional do Câncer: Estatísticas 2023 – 2025: https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/estimativa-2023-incidencia-de-cancer-no-brasil
2 – Global Cancer Observatory: https://gco.iarc.fr/
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MELINA FERRAZZO BANDEIRA
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