As taxas de câmbio são fortemente influenciadas por notícias econômicas e sensíveis às decisões de políticas monetárias, especialmente às taxas de juros. A Selic, taxa básica de juros do Brasil, é a principal forma do Banco Central controlar a inflação do país que, consequentemente impacta o câmbio. Desde o período pós-pandemia, a instituição elevou os juros para 13,75%, mantendo esse valor de junho de 2022 até agosto de 2023, quando iniciou o processo de declínio da taxa.
À medida que a taxa de juros no Brasil se manteve estabilizada, a taxa estipulada pelo Sistema de Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) seguia elevando aos poucos desde julho de 2022 para, atualmente, fixarem a taxa entre 5,25% e 5,50%, caminho contrário ao do Brasil.
É nesse contexto que a Octa, empresa global de trading online e análises de mercado, avalia os principais indicadores de impacto cambial como dados de inflação, dados de desemprego e a taxa de juros do Banco Central, visando orientar os traders a fazerem os melhores investimentos no momento mais oportuno diante do cenário global. O reflexo cambial no Real-Dólar desde o início do declínio da Selic no Brasil e estabilização de uma alta taxa base nos EUA não gerou grandes movimentações, tendo o dólar seu valor mais alto em outubro de 2023 (R$ 5,19) e o mais baixo em dezembro de 2023 (R$ 4,83) segundo o Banco central.
“Todos os dias há US$ 7,5 trilhões em transações no mercado de câmbio, com US$ 6,6 trilhões envolvendo o dólar americano. O mercado de câmbio tem fortes reações quando a taxa de juros oficial nos Estados Unidos muda, algo que por ora não vem acontecendo”, disse Kar Yong Ang, Analista de mercado financeiro da Octa. Ele acrescentou que são esperados pelo menos dois cortes na taxa de juros pelo Federal Reserve dos EUA neste ano, o que traria as cotações do dólar bem abaixo dos níveis atuais.
Para entender como as flutuações das taxas de juros afetam as taxas de câmbio, podemos observar o conceito por meio de paralelos do mundo real. Supondo que temos economias depositadas em um banco comercial, se um banco ao lado aumenta suas taxas de juros de depósito e ultrapassa a taxa de nosso banco, seria prudente considerar transferir nossos fundos para o banco ao lado e capitalizar com os retornos mais altos.
No mundo real, uma dinâmica similar se desenrola. Quando um banco central aumenta suas taxas de juros isso impulsiona os rendimentos em instrumentos do mercado monetário, atraindo investidores e desencadeando um fluxo de capital de uma economia para outra. No entanto, para acessar ativos mais lucrativos, os investidores devem comprar a moeda nacional. Consequentemente, quando a taxa de juros-chave é elevada, a taxa de câmbio da moeda nacional também aumenta.
“Com a próxima reunião do Sistema de Reserva Federal dos Estados Unidos marcada para 20 de março, as decisões sobre taxas de juros desempenharão um papel crucial no cenário econômico global”, explica Kar Yong Ang. “Dada a postura da política monetária dos EUA em 2024, a expectativa é de que o dólar americano tende a declinar em relação a outras moedas principais”, completa. Além do Fed, o Copom também se reunirá nos dias 19 e 20 de março para avaliar a política monetária do Brasil e aumentar ou diminuir a Selic.