A violência, em diferentes formas, é uma marca que atravessa gerações, mas o impacto na vida dos jovens é preocupante e acende um alerta. Os traumas físicos, psicológicos, emocionais e sociais têm contribuído de maneira preocupante para o aumento dos transtornos psicológicos e as internações psiquiátricas entre jovens. Esses fatos evidenciam a necessidade emergencial de refletirmos acerca da estrutura da nossa sociedade e de estabelecermos redes de apoio que possam acolher, prevenir e tratar essas questões de forma competente e eficaz, de maneira a evitarmos e prevenirmos tais situações.
Um estudo recente da Fiocruz Bahia, em colaboração com a Universidade de Harvard, mostrou que crianças, adolescentes e jovens de baixa renda vítimas de violência possuem um risco cinco vezes maior de vir a necessitar de internação psiquiátrica. É um dado para refletir e estarmos atentos a todos os jovens, independente de classe social.
Por estarem em uma fase de formação da identidade e das habilidades socioemocionais, os jovens são vulneráveis e sensíveis aos impactos da violência. Seja ela doméstica, escolar ou virtual, as agressões podem gerar traumas graves que, se não tratados, evoluem para transtornos como ansiedade, depressão, automutilação e, em casos extremos, até tentativas de suicídio. Essas questões, muitas vezes, são invisíveis aos olhos da sociedade e têm levado um número crescente de jovens a buscar apoio e atendimento em instituições psiquiátricas, a fim de aliviar o sofrimento e a angústia.
Muitos não percebem que a violência não se limita apenas à agressão física. O bullying que ocorre nas escolas, as pressões sociais sofridas em redes sociais, a negligência e o abandono emocional por parte das famílias e até a violência como a pobreza, falta de recursos financeiros e a falta de acesso à educação, também configuram formas de violência que corroem a saúde mental de muitos jovens. Quando acumulados, criam um peso emocional insustentável, que pode levar ao declínio psicológico e as desordens psicológicas começam a se manifestar.
Em muitos casos, a internação psiquiátrica, surge como uma medida emergencial para salvar vidas. Sobretudo, faz se necessário questionar: qual o motivo de estarmos falhando na prevenção desses casos? A internação em clínicas ou hospitais psiquiátricos não deve ser vista como uma solução final, mas como um alerta de que a sociedade precisa agir de forma eficaz, consciente e coordenada. É crucial que tenhamos políticas públicas de proteção aos jovens e acesso ampliado a serviços de saúde mental, além de programas de prevenção à violência e educação emocional nas escolas. Precisamos atuar, de forma urgente para a necessidade de ações eficazes no campo da prevenção, em conjunto com a sociedade.
É primordial que se promova o diálogo constante, do respeito e do cuidado com todos os membros da família no ambiente doméstico. As famílias desempenham um papel fundamental. Em algumas situações, os pais não percebem e não reconhecem os sinais de sofrimento emocional em seus filhos ou, pior, muitas vezes são os próprios agentes de violência. Por isso,
A saúde mental não é responsabilidade apenas do próprio indivíduo, mas de toda a comunidade ao seu entorno, pois se ignorarmos a relação direta entre a violência sofrida por jovens e as internações psiquiátricas, estremos fechando os olhos para uma crise que compromete o futuro da sociedade. Um jovem com sofrimento psíquico hoje, poderá carregar cicatrizes profundas amanhã. E essas cicatrizes, se não forem tratadas adequadamente, podem perpetuar ciclos de violência e sofrimento.
É tempo de priorizarmos a saúde mental dos jovens como uma questão de saúde pública e de preservação dos direitos humanos. Não podemos mais normalizar a violência em suas múltiplas formas, tampouco podemos tratar suas consequências apenas quando elas já se tornaram insustentáveis. Prevenção, acolhimento e empatia devem ser os pilares de uma sociedade genuinamente comprometida com o bem-estar de suas novas gerações.
*Lisandra Babireski Barcia da Silva é Mestre em Educação, psicóloga, pedagoga, psicopedagoga e professora da Escola Superior de Educação Humanidades e Línguas doCentro Universitário Internacional Uninter.
Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
JULIA CRISTINA ALVES ESTEVAM
julia@nqm.com.br